Crítica: Neruda (2016)

Enquanto diversos filmes retratam perseguições que levam meses (ou anos) através de carros em alta velocidade, tiroteios e esconderijos bem planejados, Neruda mostra, de maneira poética, o período em que o poeta chileno Pablo Neruda passou fugindo das autoridades, no final dos anos 1940. É o resultado da mistura entre poesia, política, história, sensibilidade e um toque de malandragem.

Com o banimento do Partido Comunista, Neruda torna-se um fugitivo e prefere transformar este episódio em um ato político.

A partir da criação de um alter ego, o protagonista impõe um jogo de gato e rato com as autoridades, fazendo uso de pistas e enigmas, em especial com aquele que foi incumbido de localizá-lo e prendê-lo.

O filme de Pablo Larraín (No) tem um humor bastante discreto, a ambientação presente no cinema noir, direção marcante e atuações muito competentes. Luis Gnecco, de A Dançarina e o Ladrão, interpreta Neruda e dá ao poeta o tom certo de inteligência, sensibilidade e boemia.

Porém, ele não é o único que brilha no filme. Gael Garcia Bernal (Babel), no papel do inspetor encarregado da prisão do poeta, é o responsável pela narração reflexiva, pelo humor tímido presente em boa parte do longa e pela determinação evidente em cada passo do inspetor.

O bom trabalho feito pela equipe transforma Neruda em um forte candidato no Globo de Ouro 2017. O Chile está bem representado, mas tem oponentes poderosos, como o francês Elle e o iraniano O Apartamento.