Crítica: O Chamado 3 (2017)

MINHA LISTA DE PIORES FILMES DO ANO JÁ TEM UM FORTE CANDIDATO AO TÍTULO: O Chamado 3 (Rings, 2017) é uma continuação cheia de boas ideias para trazer de volta a essência de uma das franquias de terror mais bem sucedidas dos últimos anos, mas escorrega nos clichês e na falta de originalidade.

A trama gira em torno de uma adolescente, cujo namorado vai para a faculdade e logo desaparece. Inicialmente, a moça até poderia pensar que a vida louca acadêmica roubou o seu boy magia, mas depois de uma estranha chamada via Skype, ela decide ir até o campus para descobrir WTF está acontecendo – e então se vê no meio de uma história macabra envolvendo aquela menina doidinha que nunca cortou o cabelo e vive num poço.

O Chamado 3 começa com uma sequência tensa dentro de um avião. Um garoto que assistiu ao vídeo da Samara está inquieto em seu banco e descobre que nem mesmo nos céus está em segurança. Meio forçada a coincidência de existir outra garota no mesmo voo que também viu o vídeo, e também ficou com o cu na mão depois que percebeu que não iria conseguir escapar com vida.

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É um bom argumento para apresentar a história principal, claro. De cara temos o reencontro com a Samara e um ataque entro de um avião. Só não parece natural e convincente que, por coincidência, um professor aleatório acabe encontrando o mesmo vídeo que pertencia ao rapaz morto no acidente numa feirinha de vendas. Improvável também que existam tantos graus de separação da origem do problema até chegarmos na protagonista, que é namorada do moleque que vira aluno desse professor. A falta de lógica e bom senso no roteiro chega a ser divertida para cinéfilos sádicos que costumam se penalizar assistindo filmes ruins.

Seria exigir demais do desconhecido cineasta F. Javier Gutiérrez alguma coisa melhor. Ele até se esforça para tentar criar um bom filme de terror. Por exemplo, a primeira vez que Julia (Matilda Lutz) presencia um ataque de Samara é um dos melhores momentos de O Chamado 3. Pena que é tão pouco para evitar que o longa se repetisse e agora apresentasse o pai da entidade. É cansativa essa repetição de a causa de tudo ser os pais fodidos da cabeça. Se você ficou de saco cheio da mãe dela, imagine agora com o pai… Que no entanto, é interpretado pelo sempre eficiente Vincent D’Onofrio, que é o único ator de qualidade no filme.

O Chamado 3 pode até não ser uma bomba completa, mas foi uma experiência frustrante. A conclusão é ridícula. Por mais que o uso da tecnologia para disseminar o vídeo seja interessante (e pode significar a morte de todas as pessoas da face da Terra), ele acaba parecendo bobinho demais e estraga todo o potencial de futuras sequências. Recomendo para quem não sente necessidade de obras relevantes para o gênero terror. Ou que ache que a metáfora para sexo irresponsável seja genial e por isso O Chamado mereça ser enaltecido para sempre.