X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido

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DEPOIS DE DIRIGIR X-MEN E SUA CONTINUAÇÃO, Bryan Singer abandonou a barca mutante para assumir o comando de Superman – O Retorno. X-Men 3 foi um fracasso (embora não seja realmente a bomba que todo mundo diz ser) e não precisamos falar sobre a “qualidade” do retorno do Homem de Aço aos cinemas. Ou seja, Singer se deu mal duplamente.

No entanto, os deuses de Hollywood parecem gostar muito dos mutantes “liderados” pelo carismático Wolverine. X-Men: Primeira Classe foi o grande responsável por levantar a moral dos personagens, seguido pelo divertido Wolverine: Imortal, cuja cena extra é um prelúdio do que se assiste em X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido. O terreno estava pronto para o retorno triunfal de Singer, que soube aproveitar muito bem a oportunidade e repetiu os êxitos do passado com uma obra tão boa quanto os dois primeiros filmes, e um pouco inferior ao excelente Primeira Classe.

Dias de Um Futuro Esquecido é uma sequência de Wolverine: Imortal, que por sua vez, se passa logo após os eventos de X-Men 3. Isso significa que a ordem cronológica da saga está bem organizadinha, ou pelo menos estava até o final desse último filme. Como sabemos, viagens no tempo costumam mudar tudo, e bem… Teremos que esperar um par de anos para descobrir se tudo que assistimos foi “anulado” ou não. A trama apresenta um futuro dominado pelos Sentinelas. Um período em que homens e mutantes se tornam presa para os grandes robôs. Professor X, Magneto, Wolverine, Kitty Pryde, e alguns poucos mutantes sobreviventes, bolam um plano para voltar ao passado e impedir que um cientista (Peter Dinklage, de Game of Thrones) desenvolva os perigosos Sentinelas. Para isso enviam Wolverine até os anos 1970 com a missão de reunir as versões “jovens” de Xavier e Magneto.

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Como já observado anteriormente, Wolverine realmente é um personagem que funciona melhor ao lado da equipe. Não é que ele seja chato ou não sustente um filme sozinho, mas é que ele ganha mais força quando colocado lado a lado com outros mutantes. É fácil querer escolher ele como o seu favorito nessa condição. Exceto para as garotas com hormônios aflorados, que ficarão com dúvidas sobre qual seria o mutante favorito, afinal de contas ainda temos o Magneto, de Michael Fassbender; e o professor Xavier, de James McAvoy. Felizmente, os garotos podem se sentir felizes apenas com a presença de Jennifer Lawrence, que vale mais que os três bonitos. Aliás, Mística aparece por menos tempo do que acontece em Primeira Classe, mas é notável o amadurecimento da personagem e de suas ideologias, bem como sua desenvoltura para cumprir seus objetivos. Cada vez mais próxima da vilã que conhecemos no começo dos anos 2000, em X-Men.

O tema de X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido pode mexer um pouco com a cabeça do espectador mais politizado. Inclusive, o discurso que encerra a ação no final da obra chega a ser arrepiante, embora meio piegas. Assim como já havia sido apresentado nos filmes anteriores, a segregação racial, xenofobia etc, são temas recorrentes no universo dos X-Men. O discurso sempre se repete, e é curioso como ainda assim conseguem agradar tantos espectadores. Talvez pelo carisma dos seus personagens, ou pela sorte de realmente entregar filmes com um nível acima dos demais longas inspirados no universo dos quadrinhos. Os mutantes possuem um apelo que Homem-Aranha ou Homem de Ferro jamais terão: o lado social que nos convida a refletir e viajar numa história que é bem mais profunda do que apenas um bando de vilão querendo acabar com a humanidade e sendo derrotados pelos heróis.

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A franquia X-Men era a única parte das versões cinematográficas da Marvel que não havia dado muito espaço para o humor. Isso mudou com o novo filme, especialmente pela inclusão de uma versão aborrecente do mutante Mercúrio. Não é exagero algum dizer que o personagem é o responsável pela melhor cena de Dias de Um Futuro Esquecido. Em um slow motion hilário, Bryan Singer faz o espectador se divertir bastante com o jeitão engraçado do mutante. Pena que o personagem não tenha sido explorado durante todo o filme, ao contrário do que deverá ocorrer com a versão de Mercúrio presente em Os Vingadores 2.

Apesar de toda a confusão cronológica que o estúdio inventou para dar um “encerramento” para o elenco original da série (será que Ian McKellen, Patrick Stewart, Halle Berry, e até Hugh Jackman retornam para um possível X4? Acho que não), parece que a franquia encontrou seu lugar ao sol com a turma mais nova liderada por James McAvoy e Michael Fassbender. Prova disso é que a sequência terá o retorno da dupla, afinal se passará na década de 80, e bem, os atores já estão confirmados. Que Bryan Singer consiga manter o nível e nos entregar outro filme tão bom. E que ele não se repita tanto nas tentativas de fazer algo épico, apelando para uma trilha sonora marcante e cenas de alta tensão (mérito da montagem) para nos deixar absolutamente tensos na cadeira dos cinemas: isso não funcionará sempre.