Review: Game of Thrones s06e10 – “The Winds of Winter”

Sabe quando você recebe um monte de informação de uma vez e não consegue processar muito bem? A season finale de Game of Thrones passa mais ou menos essa sensação.

Primeiro temos a confirmação de muitas teorias faladas há tanto tempo na internet. Depois temos as surpresas e cenas emocionantes. Some a isso a angústia de saber que teremos que esperar um ano até descobrir as respostas para todas nossas dúvidas e responder os nossos anseios, e temos um resumo honesto de “The Winds of Winter”.

Comandado por Miguel Sapochnik (o mesmo responsável por “Battle of Bastards” e “Hardhome”), o episódio 10 já começa com um curioso paralelo com o que assistimos na semana passada: se boa parte das cenas do episódio 9 cortava a trilha sonora para aumentar a impressão sufocante pretendida, desta vez é ao contrário. A música é fundamental para criar o suspense e nos deixar ainda mais ansiosos com o que esta prestes a acontecer.

O destino de Cersei era previsível. A temporada inteira deu pistas sobre a intenção da vilã queimar a cidade toda para livrar o seu pescoço. Pelas inúmeras vezes em que o fogo-vivo foi citado, a expectativa era de uma destruição maior, o que teria sido frustrante, se não fosse pelas consequências diretas do ato de vingança de Cersei. Ela não mediu esforços para acabar com todos os seus desafetos, incluindo a rainha Margaery Tyrell. E essa morte foi inesperada. Afinal, os telespectadores estavam sedentos para conhecer o plano da bela rainha de Tommem e até quando ela fingiria ter sofrido essa lavagem cerebral para atender as graças do Alto Pardal.

Vamos ficar sem saber.

Aliás, vale apontar que mesmo deixando de lado a sua atuação e o tom manso, Margaery fracassou em convencer o Alto Pardal de que algo estava errado e todos deveriam deixar o local do julgamento. A arrogância do velho magricela da fé custou caro, assim como a sua expressão com o tom de Margaery foi uma mistura de frustração com conformismo. É como se ele esperasse o tempo inteiro para que ela se revelasse de verdade.

A morte da rainha e da turma de pardais fedorentos teve um efeito colateral inesperado para os Lannisters, mas que muitos fãs da série apostavam: Tommem, o rei pamonha, se sentiu frustrado, culpado e perdido demais para continuar vivendo e decidiu se jogar do alto de sua torre. Acredito que tenha sido um dos momentos mais inesperados de “The Winds of Winter”. O que acontecerá agora é que Cersei cumpriu a profecia que ouviu quando era jovem e se tornou uma rainha, mas irá perder o trono para uma mulher mais nova. Possivelmente, Danaerys Targaryen, que embarcou nos navios levados pelos irmãos GreyJoy e deverá chegar rapidamente em Westeros.

Aponto aqui mais uma vez algo desconfortável na série: a cronologia dela é extremamente confusa e impede o público de entender de verdade quanto tempo se passou de um acontecimento para o outro. Se isso não for um problema, bem, tivemos uma edição bem incompetente para “The Winds of Winter”. Como entender a presença de Varys como conspirador de Dorne numa reunião com a avó de Margaery e logo depois ver o eunuco careca à bordo das embarcações dos GreyJoy ao lado de Tyrion e Danaerys?

Problema mais grave ainda está na presença surpreendente de Arya Stark. Imaginei o tempo inteiro que toda a sequência não passasse de um sonho e isso teria mais lógica. Não apenas a pequena Stark reaparece inesperadamente para reiniciar a matança na sua lista de vingança, como ela surge usando o rosto de uma desconhecida. Ela roubou o Deus de Muitas Faces? É isso? Será que teremos mais histórias relacionadas aos chatos sem faces e/ou graça? De qualquer forma, foi A cena do episódio. Aquela parte em que você diz “WTF?” e logo raciocina que minutos antes, a mesma Arya estava tentando flertar com Jaiminho Lannister.

Com todas as surpresas e mortes,  Game of Thrones não seria capaz de deixar de lado o protagonista Jon Snow. Depois de exilar Melisandre por queimar a pequena Shireen Baratheon, ele convoca todos os clãs do Norte para avisar que a guerra ainda não acabou e em breve teremos confrontos contra os verdadeiros inimigos da série. Numa bela sequência, todos os líderes proclamam Jon Snow como o novo Rei do Norte, o que causa a fúria de Mindinho, que mais uma vez terá que esperar para ter a sua chance de colocar a bunda branca dele no trono de ferro.

O que essa temporada fez foi iniciar o jogo com todas as peças preparadas para o vale-tudo. Alianças foram estabelecidas: Danaerys terá o apoio da família GreyJoy e aparentemente da parceria entre Tyrell e Martell (basicamente, ela terá o melhor grupo de lutadores mesmo deixando Daario Naharis em Meereen); os Lannisters permanecem no poder; e não apenas Jon Snow foi eleito o novo Rei do Norte, quanto Arya e Bram estão próximos de tornar uma reunião Stark possível depois de tantos anos. Sapochnik, mais uma vez, surpreende com uma direção impecável e faz um trabalho eficiente em cima de um roteiro tão recheado de informações.

Bicho. Não sei nem o que dizer, exceto que lamento muito o fato de ter que esperar tanto tempo pela próxima temporada.