Review Westworld s01e10 – “Bicameral mind”

Beber faz bem ou mal? Socialmente, tudo bem. Agora, experimente misturar. Arnold e Dr. Ford devem ter tomado um porre daqueles quando criaram Westword. Que season finale, galera! Vamos à análise.

Exército

Maeve queria fugir de Westworld igual mulher casada querendo fugir de ex. Para isso, recrutou o garanhão fora-da-lei do Hector, a matadora nórdica Armistice (que nominho, hein) e Felix, seu oriental de estimação.

Destaque para o ator Rodrigo Santoro que terminou sua participação na temporada, à porta do elevador, com um beijo em Maeve. Como brasileiro, fico muito orgulhoso sempre que vejo um ator nacional interpretando papéis relevantes nas grandes produções gringas. Santoro mandou muito bem e vem ganhando cada vez mais espaço.

Voltando. Maeve passou por cima de regras, leis, humanos, portas, tudo com ajuda de seu pequeno exército. Só que quando chegou ao trem, rumo ao mundo exterior, deu uma de Bobby da Caverna do Dragão. Com a localização em mãos, decidiu ir atrás da Uni, digo, sua filha. Não deu dessa vez.

Autoconsciência

O episódio final não podia deixar de trazer mais uma teoria existencialista. Talvez a definitiva. Preste atenção em algumas das frases impactantes, principalmente se você for um calouro de humanas.

Arnold para Dolores – “Autoconsciência não é uma jornada para o alto, mas para dentro. Não é uma pirâmide, é um labirinto. Cada escolha pode levá-la ao centro ou às bordas, rumo à loucura”

Traduzindo, sabe quando dizemos que uma pessoa é centrada ou “fora da caixinha”? Há momentos em que Westworld mais parece um Telecurso – Nível Hardcore. Tapa na cara, rapaz. Aliás, a cafetina fujona ressuscitou Bernard para ele apagar suas memórias sobre a filha e tomou essa: “Memórias são os primeiros passos para autoconsciência. Como vai aprender com seus erros se não se lembra deles?” Bugou o sistema, né Maeve?

Antes de morrer, Arnold ainda citou William Shakespeare: “Estes prazeres violentos têm finais finais violentos”. Se era sobre a temporada de Westworld, eu concordo. Violência é o que não faltou nas cenas finais. Muito por conta de um novo velho conhecido.

Wyatt

Ao contrário do que achávamos (vide a última análise), o grande vilão não era um soldado ou um bicho. Arnold havia adicionado ao sistema de Dolores o perfil de um outro personagem sanguinolento que seria lançado: Wyatt. O Homem de Preto sempre teve ao seu lado a parte doce e meiga do vilão que tanto procurava. Por trás daquela chapeuzinho vermelho, sempre houve um lobo mau que nem ela mesma conhecia, até chegar ao centro do labirinto.

A jovem decifrou seus enigmas pessoais e entendeu seu dever. Já tomada por sua consciência, encarou o Homem de Preto, seu antigo amor, dizendo que o tempo acaba para todos os homens, mesmo os mais poderosos, mas que um dia um novo deus caminhará sobre aquele mundo. Mais tarde, na festa, Dolores diz à Teddy que Westworld “não pertence aos humanos, mas a eles”. Esse roteirista parece ser fã de The Walking Dead também. Alguém aí se lembra o que Enid falou sobre os errantes para Carl na cena da árvore? Então.

Com todo o elenco figurante agora com vida e vindo em direção ao local da festa, Dr. Ford explicou o que viria a seguir. Uma guerra violenta e um assassinato, o dele, provocado por Wyatt/Dolores. Claro, tudo orquestrado pelo criador do parque. O velho morreu como Jesse James. Fingiu não saber de nada para ser morto com um tiro na nuca. Eu avisei que não era bom misturar.

Para fechar esta análise, vou citar dois autores para explicar a mensagem deixada nesta temporada de estreia de Westworld. Às vezes, vivemos como robôs, inertes e obedientes às coisas ao nosso redor e não questionamos nem a chuva que cai do céu. Assim dizia Oscar Wilde: “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”. A vida é uma escola, pessoal, mas tem gente que só veio para conversar e comer lanche. Aprender é o verbo mais construtivo na realidade humana. Segundo Jean-Paul Sartre, “O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós”. Que 2018 chegue logo com todo o sucesso da segunda temporada! Até lá.