Simplesmente Feliz

Em minha jornada para assistir todos os filmes indicados ao Globo de Ouro (que acontece no próximo domingo) e com chances de receber indicações ao Oscar, me deparei com o comentário de uma amiga sobre o filme Happy Go Lucky: “é uma merda!”. A afirmação pode ser verdadeira, mas é relativa. Depende do seu humor e paciência para perder duas horas com um filme sem grandes emoções e surpresas.

A atriz Sally Hawkins está muito bem como a personagem hiper-ativa e com TDA. Justamente por isso que é fácil odiar a personagem. Mas odiar muito. As roupas com cores berrantes, o humor infantil, a forma de lidar com a vida, tudo é motivo para se cansar rápido do filme de Mike Leigh e de tomar nojo da atriz. E não, eu não fui sarcástico ao falar que a atriz cumpriu muito bem o seu papel. É engraçado pensar que por ela atuar tão bem, acabamos de saco cheio do filme. A verdade é que a personagem tem a sua forma peculiar de ver o mundo, digamos que é uma versão melhorada e menos afetada de Amelie Poulain. Ela se sente bem rindo de tudo, levando a vida como uma grande brincadeira séria. A personagem de Sally (carinhosamente chamada de Poppy) é uma professora da escola primária e tem como ponto alto do dia, pular na cama elástica após as aulas.

Fica implicita a visão do diretor e roteirista sobre como o mundo das crianças pode ser aproveitado na realidade adulta. Que crescer não significa abandonar o humor e roupas coloridas, não significa deixar de lado as futilidades e brincadeiras. Uma cena marcante é quando Poppy insiste em contrariar o rabugento instrutor da auto-escola e continua usando botas de salto alto em todas as aulas. O humor do filme (sim, ele é engraçado!) é sutil e inteligente. Passa despercebido, assim como a vida. Happy Go Lucky acaba sendo um retrato da realidade: cansativo, mas com uma boa recompensa no final. Recomendo.

Ficha Técnica:
Happy Go Lucky (2008)
Dirigido: Mike Leigh
Roteiro: Mike Leigh
Genêro: Comédia
Elenco: Sally Hawkins
Trailer