Filme: No Olho do Tornado

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TEM QUASE 20 ANOS QUE VOU AO CINEMA COM FREQUÊNCIA. Sempre me lembrarei que iniciei esse vício com Twister, um dos filmes mais lembrados de 1996. E apesar de não ser lá nenhuma obra de qualidade inquestionável, é inegável dizer que se trata de um top of mind se tratando de tornados. Se você perguntar para qualquer pessoa qual é o seu filme favorito sobre o tema, apostaria uma caipirinha estupidamente deliciosa que a maioria citaria Twister. Com isso, é impossível não fazer comparações entre o lançamento de 1996 com o recente No Olho do Tornado.

Novamente acompanhamos uma equipe de pesquisadores de tornados decididos a filmarem o núcleo do fenômeno. Desta vez, ao contrário de vacas voadoras, temos aviões voadores – eu sei que você não consegue entender qual a novidade nisso, mas volte aqui depois de assistir ao filme. No lugar do casal Helen Hunt e Bill Paxton temos Sarah Wayne Callies (da série Prison Break) e Richard Armitage (O Hobbit). Em comum, podemos citar a presença de personagens meio idiotas cuja função de alívio cômico é substituída pelo desejo cruel do roteiro eliminar eles rapidamente e, claro, os tornados muito bem produzidos pelos técnicos visuais.

No Olho do Tornado é bem promíscuo visualmente falando. E isso chega a ser confuso. Se por um lado é divertido acompanhar tudo pelas câmeras dos personagens, se torna estranho quando as cenas são apresentadas da maneira convencional. Sem permanecer num único estilo, podemos chamar a obra carinhosamente de “Twister de Blair Project”, como disse um amigo.

O roteiro falha ao tentar estabelecer as relações humanas de seus coadjuvantes. Enquanto de um lado acompanhamos os conflitos entre pais e filhos, e um começo de atração sexual do pai pela pesquisadora, somos “presenteados” com uma das questões mais patéticas do cinema em 2014. Logo de cara, determinado personagem é apresentado como o elo inexperiente do grupo, o que potencializa as chances dele ser uma das baixas da história. Por questões pessoais, desejei a morte do filho da puta a partir do momento em que ele se revelou um jogador de hoquéi – e saber que eu não me decepcionaria foi um deleite. Após a morte do sujeitinho, há uma conversa constrangedora entre os protagonistas que tentam assumir para si a morte do rapaz.

Felizmente, o problema dos personagens é compensado pelas excelentes sequências de tensão quando os tornados fazem o que tornados fazem de melhor: deixar a construção civil com alta demanda de trabalhos. São vários momentos em que o espectador fica literalmente na ponta da poltrona observando tudo sem piscar. Méritos da equipe técnica que combinou bem o impacto visual e sonoro em belas cenas.

Certamente, mesmo com seus defeitos, No Olho do Tornado é um concorrente de peso para Twister quando os cinéfilos buscarem por melhores filmes de tornados para apreciarem durante o final de semana. Sua atmosfera familiar deixa tudo previsível e com um autêntico clima de Sessão da Tarde, mas ainda assim é uma experiência bem proveitosa para quem está assistindo ao fime pela primeira vez. Me questiono se, assim como Twister, o longa-metragem se sustenta durante uma revisão, já que perderá todos os encantos de seus efeitos e momentos tensos. Talvez as vacas façam uma diferença no final das contas.

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