Jackie Brown

De Quentin Tarantino. Com: Pam Grier, Samuel L. Jackson, Robert De Niro, Robert Forster, Michael Keaton, Bridget Fonda, Sid Haig, Chris Tucker.

Tarantino pode fazer de tudo. Filmes de luta, terror, guerra… Filmes dos mais divertos estilos se transformam em filmes feitos por ele, o que faz com que seja visto como um dos poucos cineastas autorais da chamada “nova geração”. Com Jackie Brown, ele dá sua cara aos filmes chamados blaxpoitation, filmes da década de 70 feitos especialmente para o público negro. A musa deste estilo Pam Grier é a protagonista deste filme, a tal Jackie Brown, que se envolve numa história tão louca que só poderia ter saído da cabeça de Tarantino: ela é uma aeromoça que ao voltar aos Estados Unidos, traz consigo dinheiro da conta mexicana de um traficante (interpretado por um ótimo Samuel L. Jackson). Quando é finalmente pega pela polícia, passa a fazer parte de um plano para prender o criminoso, em troca de sua liberdade. O que vemos então, é uma tentativa da moça de sair por cima de toda essa situação, dando um golpe que vai mudar definitivamente sua vida.

O interessante é que a história não saiu completamente da cabeça de Tarantino, mas sim de Elmore Leonard. A adaptação foi feita por ele, então o que vemos claramente é uma mistura de estilos: diálogos mais concisos e as viagens de Tarantino. Acho pouco provável que a cena das propaganda dos fuzis seja do texto original por exemplo. É muito Tarantino… Mas são cenas como esta que tornam o filme tão sensacional…

Referências e citações a clássicos do cinema, e até estilísticas (a parte final, das três versões da história, sensacional por sinal, é muito Rashomon de Kurosawa) aparecem a todo momento. Coisa típica de Tarantino, o amante de cinema que se tornou mestre.

Era um filme bastate esperado na época. Afinal de contas, era o diretor do cult-quase-trash Cães de Aluguel, e recém vencedor do Oscar por Pulp Fiction. Muitas expectativas sempre geram críticas injustificadas. Por isso Jackie Brown é considerado um filme menor de Tarantino. Não por mim. Sempre que vejo aquele final, seco, forte, com trilha black music, eu penso: “putz, como esse cara é foda!”. Vale a pena…