A Busca


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EU NÃO GOSTARIA DE ESTAR NA PELE DO FILHO DO WAGNER MOURA EM A BUSCA. Só sendo muito louco para fugir de casa e deixar o pai, popularmente conhecido por interpretar o Capitão Nascimento, louco da vida procurando pelas estradas do Brasil. A Busca é o mais próximo que Procurando Nemo chegará de ganhar uma versão live action, mas a boa referência não garante a qualidade do longa-metragem dirigido por Luciano Moura.

Pedro é um moleque pilhado que fica de saco cheio das brigas dos pais e resolve fugir de casa. Theo (Moura) parte em busca do único filho e ao longo de sua jornada, vai conhecendo mais dele mesmo e de Pedro. Theo cruza com diversas pessoas com características muito peculiares. Cada uma delas encontrou com Pedro e pode (ou não) ajudar Theo em sua missão de resgate. (Imagine bem a situação: o cara quer voltar para a esposa, que MANDA ele trazer o filho de volta. Como aprendemos em Tropa de Elite, missão dada é missão cumprida.)

Road movies costumam apresentar a evolução de seus personagens na medida em que eles se aproximam de cumprir seu objetivo. O espectador mergulha junto dos seus heróis e passa a dividir as sensações que transformam e amadurecem os personagens. E a ausência desse amadurecimento em A Busca é incômoda. Nós até conseguimos enxergar o ponto chave em que Theo “muda”, mas não é apresentado de um jeito que seja convincente e natural. Parece o tempo inteiro que ele está perdido, e mesmo quando reencontra a sua humanidade ao dar vida para uma criança, a gente continua com a impressão de que a melancolia é profunda demais para abandonar aquele homem.

Particularmente, costumo ter os olhos mais atentos para cenas que apresentam algum tipo de sexualidade, seja ela implícita ou não. Durante uma cena do longa-metragem, o casal relutante se beija de maneira instintiva e desprovida de qualquer racionalidade. Theo é a parte que se recusa a abrir mão da esposa, que está insatisfeita com sua vida e quer encerrar a relação mesmo cultivando certo amor pelo marido. A melhor cena de A Busca é quando eles se agarram e percebemos a vontade de Theo em consertar tudo, e o prazer culposo de Bianca, que resiste e foge quando consegue recuperar sua postura.

Destaque para a trilha sonora de Arnaldo Antunes (aliás, o filho dele faz sua estreia no cinema no papel do fujão Pedro), e para a breve participação de Lima Duarte interpretando o pai de Theo. Duarte estava devendo uma bom filme desde que aceitou estrelar o atentado chamado Assalto ao Banco Central. Esses três homens em conflito (há) poderiam ter sido retratados com mais profundidade, já que o tema é delicado, interessante e sempre envolve boas discussões.

Ainda que possua diversos defeitos, A Busca não é um filme ruim ou que certamente não acrescentará nada para o espectador. É verdade que o próprio Procurando Nemo seja bem mais desenvolvido, mas pode ser que a produção nacional atinja um público menos experiente e que se sinta tocado com a trama. Afinal de contas, quem é que não gosta de assistir a um filme que aborde as sempre complicadas relações entre pais e filhos? 

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Nota:[tres]