O Massacre da Serra-Elétrica 3D


A FRANQUIA O MASSACRE DA SERRA-ELÉTRICA VEM ARRANCANDO GRITOS DOS CINÉFILOS E ADMIRADORES DO GÊNERO HORROR DESDE 1974, quando Tobe Hooper dirigiu o primeiro longa-metragem da série. A crítica costuma afirmar que é o melhor filme da franquia até hoje, e ela não está errada quando observamos que o cineasta conseguiu criar uma atmosfera interessante e um verdadeiro clássico do estilo. De qualquer maneira, devo confessar que conheci a séria através do remake estrelado por Jessica Biel, em 2003, e que tem um lugar especial no meu coração etílico. E considerando meu fraco por produtos mais recentes, não tenho vergonha de dizer que O Massacre da Serra-Elétrica 3D é fodinha.

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A trama ignora todos os filmes anteriores, exceto o original. Na verdade, a obra estrelada por Alexandra Daddario, Tania Raymonde (da série Lost) e Scott Eastwood (sim, ele é filho do nosso querido Clint Eastwood) é uma continuação direta dos eventos apresentados no filme de 1974. Para melhor compreensão da história é aconselhável ver (ou rever, espero) o original, mas sabe como Hollywood é e a introdução faz um “melhores momentos” (leia: assassinatos dos heróis do filme de Hooper) de tudo que havia acontecido até a uma conclusão bem chulé.

Heather (Daddario) recebe uma carta revelando que ela herdou uma mansão. Acompanhada do namorado, da amiga, e de dois sujeitos aleatórios, a bonitinha descobre que tirou a sorte grande e que virou madame da noite para o dia. Porém, como nada que vem fácil e de graça costuma significar boa coisa, junto da mansão e do dinheiro, Heather também herda o maior presente de grego da história: o carniceiro da serra-elétrica Leatherface, que é seu primo carente e necessitado de amor e atenção.

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Quando digo que O Massacre da Serra Elétrica 3D é foda, espero que entendam que é apenas o meu lado sádico cegando qualquer vestígio de bom senso esperado de uma crítica de cinema. Em mais de uma oportunidade, o roteiro me fez engasgar com as caipirinhas que havia separado para dar a nota final, e me deixou especialmente chateado o fato de Heather ignorar o pedido insistente do advogado para ler a cartinha da sua familiar falecida. Esta geração atual só quer saber de Twitter, Facebook e SMS. São incapazes de saber como se abre uma carta escrita a mão. A preguiça e procrastinação adolescente custou muito caro para a jovem e seus amigos.

A conveniente falta de atitude dos personagens secundários também foi outro fator frustrante da releitura da franquia. O xerife é um comedor compulsivo de donuts que só sabe reclamar e ser reprimido pelo prefeito tão sádico quanto o coitado do Leatherface. O gigante que gosta de usar rostos humanos como decoração no seu próprio rosto é um sequelado infeliz e vítima das circunstâncias (é, povo dos direitos humanos. Eu aprendi a defender os psicopatas do cinema com vocês), enquanto o prefeito é um homem que segue os ensinamentos do “bom livro” e costuma resolver os problemas queimando, torturando, atirando ou matando os responsáveis.

Não irei comentar sobre a transformação repentina de Heather nos momentos finais da obra. Imagino que descobrir que a família que ela nunca chegou a conhecer morreu queimada foi um choque muito maior do que ver os seus amigos próximos, incluindo o namorado, serem partidos ao meio por um sujeito enorme e incompreendido portanto uma moto-serra. Todas essas pérolas do roteiro são fruto de um trabalho que envolveu mais de seis profissionais. Para quem não sabe, uma dica: a quantidade de roteiristas envolvidos em um projeto é inversamente proporcional a qualidade do mesmo.

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Se o roteiro é fraco, as atuações medíocres, a (quase) ausência de nudez ultrajante para as raízes do gênero, fica a grande dúvida sobre as qualidades do filme. Numa época em que o assassino serial cinematográfico mais conhecido atende pelo nome de Jigsaw (Jogos Mortais), é sempre bom relembrar personagens que marcaram a história do cinema independente de serem mal aproveitados em obras cuja única pretensão é arrastar adolescentes para as salas de cinema. O diretor John Luessenhop (Ladrões) até tentou manter a fidelidade ao original (como as cenas em que a câmera segue os passos da protagonista usando um ângulo bem favorável, digamos assim), mas sem sucesso ou qualidade para fazer um bom trabalho. Pelo menos foi o suficiente para garantir a alegria momentânea de quem aprecia o personagem Leatherface e ainda com direito a alguns bons sustos.

O Massacre da Serra-Elétrica 3D brinca com nossa inteligência e a gente brinca de gastar dinheiro da cerveja para ter uma desculpa para ir ao cinema assistir a um filme ruim, mas que teremos o maior prazer em ignorar os avisos em nome da diversão. E da vontade incontrolável de ficar puto depois da sessão e acusar o amigo/namorado(a) de não ter escolhido Homem de Ferro 3 ou qualquer que fosse a outra opção.

Ps: Existe uma cena pós-créditos hilária (e completamente descartável)

Ps2: O 3D é desnecessário e só é usado em uma ou outra cena.

o massacre da serra-elétrica 3d - Poster
Nota:[duasemeia]