Terapia de Risco

O Cinema de Buteco adverte: o texto a seguir possui spoilers e deverá ser apreciado com moderação.

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O PROBLEMA DOS TRAILERS É QUE MUITAS VEZES SOMOS ENGANADOS SEM DÓ. Em alguns casos, tudo bem, a gente até aceita, já em outros dá para ficar bem chateado e querendo xingar muito no Twitter. O trailer de Terapia de Risco trapaceou bonito, mas felizmente se trata de mais uma obra de qualidade do cineasta Steven Soderbergh. Rooney Mara (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres), Jude Law (Closer – Perto Demais), Catherine Zeta-Jones (Chicago) e Channing Tatum (Querido John) são os atores principais do thriller recheado de intrigas, reviravoltas, tensão sexual, e remédios. Aliás, é o terceiro filme seguido que Tatum trabalha com Soderbergh. A parceria já havia acontecido em A Toda Prova e Magic Mike.

Em (Mara, maravilhosa – sim, eu fiz esse comentário) é uma jovem mulher que sofria com depressão no passado, e que com o retorno do marido (Tatum), passa a ter várias crises. Após tentar partir desta para melhor, Em passa a se consultar com o psiquiatra Jonathan Banks (Law), que lhe receita um novo (e aparentemente) eficaz remédio para depressão. Só que Em é mais doidinha do que todo mundo pensava e acaba se metendo em sérios apuros e arrasta o coitado do médico junto com ela.

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A depressiva Em se transforma depois de tomar o novo medicamento. Acompanhamos tudo com uma trilha sonora lúdica, como se fosse um sonho se tornando realidade e o casal podendo ser feliz junto. O romance inocente termina com uma bela cena de sexo entre Mara e Tatum. Uma pena que a câmera fica desfocada na hora em que o espectador mais afoito pensou que veria vestígios da merkin da atriz.

O grande destaque do longa-metragem está na atuação de Rooney Mara, ainda que seja um trabalho inferior comparado às duas parcerias seguidas com David Fincher (além de Millennium, ela também faz uma pequena ponta em A Rede Social). Law, o melhor ator em cena, garante a atenção do público desde o primeiro momento em que aparece. A gente sabe que aquele cara está se esforçando para pagar suas contas e enganados pelo trailer, ficamos imaginando a hora que o safado vai dar uns pegas em Mara e decorar a cabeça de sua esposa e do marido dela.

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A conspiração envolvendo as duas mulheres (aliás, elas protagonizam uma cena de tirar o fôlego no climax) é meio óbvia desde o primeiro encontro entre Zeta-Jones e Law, que é induzido a utilizar o medicamento (que vira o MacGuffin do roteiro). Outras pistas são jogadas ao longo da trama, mas para quem já viu Os Suspeitos, de Bryan Singer, e teve uma verdadeira aula do que é ser enganado por um roteiro inteligente, Terapia de Risco não chega a empolgar. Mais fácil o espectador ficar meio entediado com Law confundindo de filme e agindo como se estivesse em algum Sherlock Holmes durante a sua investigação.

Um filme de Soderbergh perde metade da sua graça sem as trilhas de David Holmes (Onze Homens e Um Segredo). Thomas Newman (007 – Operação Skyfall) assume o trabalho da composição e oferece um resultado agradável, mas em momento algum chama a responsabilidade para si e consegue cativar o ouvido do espectador, ao contrário das belas faixas criadas por Holmes.

Terapia de Risco supera facilmente o horrível A Toda Prova. Em comum com seu antecessor, somente a frieza com que os personagens são tratados. Ainda que exista uma atenção especial para o trabalho de Jude Law, ficou a sensação de que o cineasta quis nos afastar daquelas pessoas e não permitiu nenhum tipo de aproximação. De qualquer maneira, para um diretor que anunciou a sua aposentadoria, Terapia de Risco é uma boa maneira de começar a se despedir e é um bom thriller.

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Nota:[tres]