Wolverine: Imortal

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FOI IMPOSSÍVEL NÃO COMPARAR WOLVERINE: IMORTAL COM O PÉSSIMO X-MEN ORIGENS: WOLVERINE. Entendo que comparações possam ser perigosas, e muitas vezes bobas e desnecessárias, no entanto, ignorei o fato e fiquei extremamente aliviado ao constatar que a segunda aventura solo do mutante interpretado por Hugh Jackman supera o original. Está longe de ser foda como X-Men: Primeira Classe, que é a melhor obra da franquia X-Men, mas é bom o suficiente para divertir o espectador comum e os fãs do baixinho nervoso.

Após os eventos de X-Men 3, Wolverine ficou meio maluco. Deixou o cabelo e a barba crescerem, e começou a andar acompanhado de ursos. Todas as noites ele é atormentado com visões da falecida Jean Grey. Uma mutante sensual chamada Yukio entra em cena e leva Wolverine para o Japão, onde ele recebe uma proposta indecente: ceder sua imortalidade para um conhecido do passado. Enquanto isso, ele terá que escoltar a inocente Mariko e evitar que a jovem seja assassinada.

A premissa é simples, meio boba, mas funciona – na medida do possível. É preciso ver Wolverine: Imortal como uma aventura digna da sessão da tarde. Por mais que o roteiro tente se aprofundar nos dramas do mutante, as piadinhas (a cena do banho é hilária, por exemplo) e o conflito tradicional do herói com o vilão são nostálgicos e deixam o espectador no piloto automático. O Samurai de Prata é um antagonista forte, representa um perigo para a vida de Wolverine, que aparentemente sofrerá muito com as consequências de sua luta no próximo filme, mas as suas motivações não convencem. Tudo bem que ninguém iria gostar de ver um sósia prateado do Darth Vader conversando com o Wolverine ao invés de lutar. É aceitável, mas repetitivo demais. Ainda assim, com um nível tão baixo, Wolverine: Imortal tem sucesso na combinação de todos os seus ingredientes. A tal batalha final é um dos melhores momentos da trama. Lamentável que o drama da imortalidade seja explorado de maneira tão rasa.

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Após a segunda aventura solo de Logan, é possível refletir se o herói é mesmo capaz de suportar um filme sem a companhia de outros personagens do universo do X-Men. Por um lado, avaliando o carisma e toda a sua história, claro que existe muito material para ser explorado de maneira interessante. Mas fica a impressão de que as adaptações ficam abaixo da média em relação aos filmes solo de outros heróis (ignore o fato da Marvel saber explorar seus personagens melhor que a Fox, que não teve cuidado algum para partir em uma versão solo do mutante) e que Wolverine sempre precise recorrer ao universo dos X-Men: desta vez, o personagem tem a companhia do fantasma de Jean Grey (Famke Janssen), que aparece como uma espécie de guia espiritual da sua jornada. No filme anterior, Wolverine contou com a parceria de Gambit, que foi a única coisa positiva daquela besteira.

Talvez a história pudesse ter sido bem diferente se Darren Aronofsky (Cisne Negro) não tivesse desistido do projeto ainda na etapa de pré-produção. A ideia de ver um diretor deste calibre comandando uma adaptação de quadrinhos é muito excitante. Além de acrescentar a sua própria assinatura no longa, Aronofsky poderia oferecer aos fãs do mutante uma obra capaz de se aproximar do nível de excelência alcançado por Christopher Nolan na trilogia do Cavaleiro das Trevas. Mas a verdade é que o mundo é cruel, e Wolverine: Imortal acabou no colo do cineasta James Mangold (Identidade), que fez apenas mais um filme de herói vazio, sem nada autoral, sem chamar a atenção. Previsível.

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Uma cena em especial vale o comentário: na introdução, assistimos ao assassinato de um urso com uma flecha envenenada. Na etapa final do longa-metragem, existem novas flechadas no animal Wolverine, que ao contrário do urso, permanece de pé e arrasta seus inimigos. Ele resiste até o fim. É um animal mais selvagem, mais forte e mais letal do que qualquer urso. Ok, não é uma analogia muito legal, mas vai que você foi assistir ao filme acompanhado de uma mocinha e quis impressioná-la com seus conhecimentos? Pode funcionar. Acho.

Verdade seja dita: a cena extra é melhor que o filme inteiro. A conexão direta com o próximo episódio da franquia é arrepiante e cria um excelente clima de suspense. Não pretendo estragar a surpresa e revelar detalhes sobre a breve sequência, mas as chances de X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido superar X-Men: Primeira Classe são grandes, ainda que a direção seja de Bryan Singer, responsável pelos dois primeiros filmes dos mutantes. Para os nerds de plantão, a cena é um verdadeiro orgasmo.

Ainda que não acrescente nada para o universo dos filmes inspirados em heróis dos quadrinhos, Wolverine: Imortal é um bom entretenimento para o final de semana. Jackman está para o Wolverine tanto quanto Robert Downey Jr. está para o Homem de Ferro. Ver um ator tão confortável com seu personagem é sempre estimulante e costuma compensar as eventuais fraquezas das produções, como aconteceu recentemente em Homem de Ferro 3.

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Nota:[tres]