Entrevista com Marçal Aquino

por Lilian Vaz

marçal aquino
A Bienal do Livro de Minas Gerais acontece entre os dias 14 a 23 de Novembro, no Expominas. Um evento para os amantes da literatura e do universo dos livros se sentirem em casa. Estandes variados, um local para um bom café e por que não, para uma prosa? Foi assim que entrevistei o escritor Marçal Aquino, antes da sua conversa com o público sobre romance policial, no Café Literário.

Como não poderia deixar de ser, o nosso bate-papo girou pelos temas da literatura e do cinema. Confesso que estava nervosa, afinal, sou apenas uma estudante de letras, latino-americana, tendo seus dias de jornalista! Apesar disso, deu tudo certo. Logo de cara, perguntei a ele sobre o papel que o cinema desempenha na sua vida, se mudou ou se é o mesmo. Marçal trabalha como roteirista e já ajudou os diretores Beto Brant e Heitor Dhalia a adaptarem obras literárias para o cinema. Na verdade, a amizade entre ele e Brant já rendeu vários filmes importantes da cinematografia brasileira como Os Matadores (1997), Ação Entre Amigos (1998), O Invasor (2001) e o mais recente foi o Eu Receberia As Piores Notícias de Seus Lindos Lábios (2011). Marçal disse que o trabalho como roteirista modificou a sua visão para alguns gêneros, especificamente o policial. Agora, a trama se torna mais nítida, mais banal. No entanto, com outros tipos, o cinema ainda é uma ferramenta prazerosa, que é capaz de narrar uma boa história, assim como a literatura.

Ainda conversando sobre cinema e diretores, Marçal falou sobre sua “última surpresa cinematográfica”, que foi o filme Palo Alto, dirigido por Gia Coppola. Ele disse que ficou impressionado com a adaptação (ou releitura), que a neta de Coppola conseguiu fazer da obra literária escrita pelo ator James Franco e que em vários momentos, lembrou-se do trabalho de Francis e Sofia Coppola, através do filme de Gia. Vai ver, é algo do sangue. Além dela, Marçal citou os diretores David Fincher, com Garota Exemplar e Wes Anderson, como diretores que ele aprecia.

Indo para o ambiente da literatura, perguntei ao escritor como é ser considerado um dos autores contemporâneos que fazem parte de uma literatura denominada “realista”, sendo que em entrevistas anteriores, Marçal afirma que a literatura é o local da mentira. Rindo da pergunta, ele argumentou que o realismo não é necessariamente verdade. A verdade literária, a que vai para o livro, parte de um fragmento de real, de uma situação observada e a partir dela, a narrativa surge. O escritor afirmou ainda que em alguns momentos, a verdade literária se torna mais real, que a própria realidade. No seu último livro, a criação do personagem denominado professor Schianberg, já lhe rendeu perguntas engraçadas. Algumas editoras chegaram a entrar em contato com Marçal, pois queriam publicar a obra O que vemos do mundo. Na realidade, tanto o personagem, quanto a obra, não passavam de ficção.

Por fim, perguntei ao Marçal sobre os seus novos trabalhos. O escritor não publica nada desde 2005, e nos contou que está a dois anos se dedicando a um projeto e que pretende publicá-lo no início do ano que vem. Segundo o autor, esse é o livro mais diferente que ele já escreveu e a história se passa no Brasil, em 1760. Ainda não tem título fixo, mas sim, três possíveis. Não satisfeita com essa resposta, consegui arrancar o título que não será usado, “A carne do mundo”. Sugestivo, não? Portanto, só nos resta aguardar, a certeza de bom material, seja literário ou cinematográfico, é mais do que certa!

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