Filme: A Travessia

a travessia crítica 2015

Você tem medo de altura? Qualquer que seja a sua resposta,  A Travessia (The Walk, 2015) vai lhe provocar mini ataques cardíacos. O novo filme de Robert Zemeckis é uma aventura eletrizante sobre como Philippe Petit planejou e atravessou as Torres Gêmeas em agosto de 1974 e fez história, na qual adrenalina não falta.

O momento chave do filme, que dura praticamente o mesmo tempo que durou na vida real – cerca de 40 minutos -, é o ponto alto da adaptação. Mas, antes de chegarmos lá, o roteiro constrói todo um background sobre Petit (Joseph Gordon-Levitt) e ele é delicioso de acompanhar.

Primeiramente, é o próprio personagem que narra sua história do início ao fim. Levitt conversa diretamente conosco na cena de abertura e durante todo o longa e o carisma que ele dá ao jovem nos envolve rapidamente (o sotaque francês do americano é impecável). Em segundo lugar, a direção de Zemeckis é sempre cativante, seja nos momentos de tapas e beijos do protagonista com Annie (Charlotte Le Bom), nos dramas com Papa Rudy (Ben Kingsley) ou nos treinamentos antes de realizar o ato em Nova York.

Toda a preparação nos EUA também foi retratada, como a observação dos trabalhadores no World Trade Center – ainda inacabado na época -, os personagens fingindo ser funcionários, as confusões e apertos na véspera, enfim, trata-se de uma adaptação bastante fiel e completa do fato. As breves informações que temos sobre a infância e família de Petit também ajudam a nos contar quem ele é e a nos identificarmos com o seu sonho e amor pelo que faz.

É claro que, apesar dessas cenas serem envolventes, a melhor delas é a que dá título ao filme: a travessia. Ali nós vemos uma re-encenação magnífica do ato de Petit naquele verão de 41 anos atrás. Zemeckis conseguiu nos ambientar naquele momento de maneira tão intensa que parece que nós estamos atravessando as torres junto do homem (quem tem pavor de altura pode ter alguns probleminhas). O som e os efeitos visuais são belíssimos e realísticos, além dos movimentos de câmera que são de arrepiar. Nem parece que são 40 minutos de cena, eles passam voando sob nossos olhos. E sim, sabemos que o rapaz não vai cair, mas a aflição continua sendo alta.

O elenco está excelente em The Walk, isso é inegável. Porém, o que chama atenção na produção é como Zemeckis reconstruiu a conquista de Petit. O visual de tirar o fôlego e o ritmo eletrizante da narrativa tornam o filme uma atração imperdível para quem gosta de aventuras eletrizantes e histórias comoventes. Não vamos além disso, deixo claro; somos apresentados à façanha de Petit e só. E ela é encantadora.