Crítica: House of Manson (2014)

DE VEZ EM QUANDO É BOM SE ARRISCAR COM PRODUÇÕES COM CAPAS FEIAS. Falo daqueles filmes que você arrepia só de olhar o cartaz e escuta uma voz dizendo para devolver para a prateleira ou que é melhor ver o filme do Pelé. House of Manson é mais ou menos nessa vibe, mas é uma inesperada surpresa para fãs de suspenses baseados na vida real.

A produção é uma cinebiografia de Charles Manson, o notório maluco condenado por diversos assassinatos (sem nunca ter realmente matado alguém, já que usou a sua influência para fazer outros matarem por ele). Sem querer passar a mão na cabeça ou transformar o homem em vítima, House of Manson acerta especialmente por construir um clima sufocante que nos deixa com o estômago revirado na recriação da morte de Sharon Tate e seus amigos.

No papel principal temos Ryan Kiser, que repete os trejeitos de Manson e possui o mesmo olhar blase de quem está em outra dimensão 100% do tempo. Graças à maneira sutil com que o cineasta Brandon Slagle conduz o filme, destacando lentamente a construção do culto em torno de Manson, Kiser chama a atenção e nos deixa arrepiados na maioria das cenas.

Após um começo meio chato, House of Manson encontra o ritmo certo e a partir das cenas em que Manson se frustra por não conseguir ser um rockstar, existe um cuidado todo especial com a maneira que o personagem começa a usar sua influência em cima dos seus “amigos”. Através de drogas psicodélicas e um discurso afiado, Manson cativa as pessoas e as transforma em discípulos dispostos a tudo por ele. E é exatamente esse o ponto mais assustador e desconfortável do longa-metragem, já que é bem difícil não se sentir intimidado com quem consegue usar palavras para convencer alguém a fazer uma coisa ou outra.

House of Manson é uma cinebiografia tensa e honesta. Ela não comete o “crime” de glorificar as ações de Manson e nem se esforça para fazer o espectador se sentir enojado diante a figura. Nós somos convidados a conhecer Charles Manson através da visão do cineasta e ele é eficiente em construir o retrato de um homem perdido e manipulador, um verdadeiro psicopata perigoso e capaz de tudo apenas para saciar as suas vontades. A obra não é genial ou indispensável, mas merece a atenção de apreciadores de bons suspenses e narrativas que conquistam o nosso interesse.