Crítica: Mulheres do Século 20

Baseado nas experiências pessoais do diretor e roteirista Mike Mills (Toda Forma de Amor), Mulheres do Século 20 gira em torno de Jamie (Lucas Jade Zumman), um jovem entrando na adolescência e seu relacionamento com as mulheres que o cercam, incluindo, claro, sua mãe Dorothea (magistralmente interpretada por Annette Benning).

Dorothea é mulher de 55 anos, criada durante a Grande Depressão e que teve seu único filho aos 40. O filme se passa em 1979. Seu filho Jamie está com quase 15 anos e ela se vê obrigada a confrontar e entender o mundo que está mudando para ser uma mãe melhor em sua opinião.

Ela mora em uma grande casa em Santa Barbara, que vive em constante reforma, e abriga dois hóspedes, o pós-hippie William (Billy Crudup) e a punk Abbie (Greta Gerwig, em sua melhor performance no cinema), além deles, no círculo da família está a problemática adolescente Julie (Elle Fanning).

Essas três mulheres citadas acima são as grandes influências de Jamie e que dão título ao filme, e esse conflito de gerações é conduzido de forma sublime. Apesar de ser contado de forma linear em sua maior parte, os personagens vão se apresentando ao longo do longa, e todos eles são muito interessantes e cheio de nuances, talvez por terem sido baseado em pessoas reais. Fiquei com vontade de sentar à mesa com Dorothea, ir a um show com Abbie, etc. Acredito que essa deva ser uma das grandes realizações para um diretor, conseguir passar suas memórias e sentimentos através de seu filme, e provocar outras tantas no espectador.

Apesar de ser uma obra muito bem-humorada, e a cena em um jantar em que Abbie estimula todos a falarem sobre menstruação é particularmente hilária e importante, é também extremamente melancólico. A trilha com músicas da época e a fotografia ajudam a compor esse ambiente. Mas melancolia está principalmente na narração, pois é como se cada um dos personagens olhasse de fora e contasse suas vidas no passado e no futuro, ou seja, temos a sensação de que tudo passará, e como na vida, tudo sempre passará. Uma cena linda que ilustra isso é quando Dorothea volta de uma festa, uma novidade para ela, e questionada por seu filho como foi, ela responde: “Foi como…a vida mudando”.
Um filme feminista, que nos deixa uma mensagem muito importante, é preciso educar meninos para serem feministas. Sorte de quem tem mães como Dorothea, sorte de quem tem mulheres como Jamie teve em sua vida, ou seria Mike Mills?