Zumbis na Neve

Enquanto assistia Zumbis na Neve, longa-metragem norueguês do diretor Tommy Wirkola, pensava em como ninguém nunca teve a ideia genial de misturar zumbis com nazistas. Seria algo realmente inusitado e que renderia um daqueles clássicos imperdíveis no vasto catálogo de produções com zumbis. Afinal de contas, depois que inventaram de colocar zumbis dentro de um avião, nada mais é surpreendente. Zumbis na Neve pode não sair ileso depois de uma análise mais técnica e (perdoem o trocadilho) fria, mas quando se fala em produções de zumbis, o mais importante é divertir e isso o filme de Wirkola consegue fazer muito bem.

Um grupo de jovens estudantes de medicina resolve passar alguns dias numa cabana e aproveitam o frio congelante do lugar, para encherem a cara, treparem dentro do banheiro, brincarem de twist (o jogo mais estúpido e sensual que já inventaram) e serem aterrorizados por um velho maluco que conta uma estranha e perturbadora história. 

Segundo o velhote maconheiro, aquelas montanhas serviram de fuga para um grupo de nazistas durante a Segunda Guerra e dizem que os soldados resolveram descansar ali por perto, amaldiçoando as montanhas. Os futuros médicos ignoraram os avisos do sujeito até começarem a ser atacados por um grupo de zumbis feiosos e com uniforme e a suástica nazista. 



O melhor de Zumbis na Neve é a completa despreocupação em soar inteligente ou inovador. Wirkola já tinha em mente que acertou em misturar zumbis e nazismo com a neve. O contraste do sangue na neve é sempre bonito e interessante, além de causar bons arrepios. Misturando sustos com uma boa dose de humor negro (existe uma sequência de dar inveja à Robert Rodriguez e seu Machete – aliás, os intestinos parecem ser uma espécie de fetiche macabro do diretor), a produção é daquelas que em momento algum cansam o espectador. Sua narrativa ágil flui muito bem e auxilia o roteiro sem muitas firulas, que apesar de enrolar um pouquinho durante as cenas que mostram os jovens se divertindo, consegue criar todo aquele suspense ao escolher mostrar os “vilões” aos poucos. 

Imagine que o filme seja o encontro de Todo Mundo Quase Morto com clássicos como Uma Noite Alucinante (que ganha uma clara alusão durante a “batalha final, além do fato dos personagens serem aterrorizados e ficarem presos numa barraca) e Fome Animal. Aqui os zumbis agem como os gananciosos duendes e são bastante possessivos quando se trata de roubar suas propriedades, no caso um baú lotado de moedas e jóias. Se o seu gosto cinematográfico for tosco o suficiente para ver toda a qualidade do mundo em produções onde qualquer outra pessoa diria horrores e impropérios à respeito, bem, Zumbis na Neve pode ser aquele filme que você estava procurando.

São três caipirinhas.