A Caça

O Cinema de Buteco adverte: a resenha a seguir possui spoilers e deve ser apreciada com moderação

por Guilherme de Paula

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Uma coprodução entre Dinamarca e Estados Unidos, o filme A Caça, do diretor Thomas Vinterberg, um dos ideólogos do movimento Dogma 95, junto com Lars Von Trier, mostra como um episódio pontual e carente de provas, pode se transformar em histeria coletiva.

Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche, depois do fechamento de uma escola de ensino fundamental em uma pequena cidade nórdica. Depois de um casamento desfeito e uma brusca separação do filho, Lucas parece reencontrar a felicidade com uma nova namorada e a possibilidade de retorno do filho adolescente. Mas aí surge um empecilho na vida de Lucas e seus camaradas de caça e bebedeira. Uma das crianças que ele cuida, Klara, confessa um episódio impróprio, depois de Lucas ter ignorado a menina justamente por ter percebido algo de imaginativo na garota.

A acusação faz logo que ele seja afastado do trabalho e passe a ser perseguido pela comunidade mesmo sem provas do ato. Aos poucos, depois de ser execrado pelos amigos e ser absolvido perante o juiz, Lucas perdoa os seus acusadores, mas aparentemente não recebe o perdão de todos da comunidade e sabe que a partir de agora será sempre lembrado por esse episódio.

Filmado com uma crueza impressionante, Vinterberg nos questiona a cerca de alguns tabus sobre a ingenuidade dos atos das crianças, e nos lembra do quanto pode ser nocivo à histeria coletiva que faz imprensa e cidadãos culparem pessoas sem terem um mínimo de prova para isso. No filme, Lucas foi absolvido por um juiz. Se ele fosse a júri popular o resultado seria o mesmo?

Texto de autoria de Guilherme de Paula Pires. 27 anos, Jornalista e curitibano de leite quente. O artigo foi publicado originalmente em http://quaseumsequestro.blogspot.com.br/