Alien – A Ressurreição

PARECE MESMO QUE ALIEN SÓ TEVE VIDA NAS MÃOS DE DOIS CINEASTAS: Ridley Scott e James Cameron. Alien 3, de David Fincher, é uma merda completa que perde até mesmo para os dois crossovers envolvendo a franquia dos cabeçudos babões com a franquia dos Predadores. Talvez seja até um mérito dizer que Alien – A Ressurreição, de Jean-Pierre Jeunet, consegue fazer mais bonito que seu antecessor, mas escorrega em uma trama chata, previsível e que resulta em um filme esquecível.

Talvez o grande “lance” do quarto filme da série é saber que o filme seguinte de Jeunet seria O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, o qual seria lançado pouco mais de três anos após Alien – A Ressurreição. Se é possível notar alguma “assinatura” do diretor, não tomei cerveja o suficiente para explicitar uma opinião, ainda mais quando sou parte da minoria que acredita que o filme estrelado por Audrey Tatou é uma das coisas mais superestimadas dos anos 2000. Na verdade, eu até gostaria de ver como é que a imaginação de Poulain lidaria com uma ameaça de outro planeta.

Novamente estrelado por Sigourney Weaver, que já demonstra estar meio cansada de Ellen Ripley, e com o reforço de Ron Perlman, Winona Ryder, Brad Dourif e Gary Dourdan, a trama se passa 200 anos depois dos eventos do terceiro filme e os personagens terão que lidar com os nossos velhos “amigos”. Sinto muito, caro leitor e eventual companheiro de bebedeira, mas se você não assistiu Alien 3, ou pare de ler ou se prepare para sofrer as consequências de um spoiler “tenso”. Tudo certo? Abandonou a leitura? Não? Arriscou a sorte? Certo. Ripley se mata no terceiro filme. Tudo isso numa “bela” e “inesquecível” cena. Teria que ser o ponto final na franquia, mas é claro que os estúdios não perderiam a oportunidade de pensar numa maneira de trazer a maior heroína do cinema de volta. Se aproveitaram das manchetes da época, quando uma tal de Ovelha Dolly era o assunto mais debatido nas mesas de bar do mundo inteiro, e resolveram clonar Ripley. Se isso não fosse ruim o suficiente, é claro que o roteiro não fugiria do óbvio de colocar todos os tripulantes de mais uma nave em sérios apuros.

A Ripley de Alien – A Ressurreição é chata. Tenta ser fria, indiferente, mas acaba se contradizendo e revelando que ainda é quase tão humana quanto nos filmes anteriores. Seus coadjuvantes repetem os mesmos estereotipos dos personagens dos outros três filmes, ou seja, espere por um robô, um sujeito grosseiro e que será o responsável pelo alívio cômico, por cientistas gananciosos e traídores, por um líder que irá morrer rapidinho e tudo mais que já tiver aparecido na série. Mas a verdade é que Perlman consegue atrair as atenções especialmente nos seus piores filmes, o que acaba sendo garantia de diversão.

Pelo menos existe uma sequência eletrizante e que é a única novidade que presta no longa-metragem: durante a tentativa de fugir da nave, os personagens são obrigados a passar por um caminho que foi inundado. Completamente submersos, eles precisam lidar com a ideia do que seria Tubarão se fosse dirigido por Jeunet. Fora isso, Alien – A Ressurreição caga no maiô quando resolve inventar uma Alien Rainha parideira que dá vida para uma das criaturas que devem ter sido umas principais referências da carreira de Guillermo del Toro, no sentido de “o que NÃO deve ser feito”. O tal Alien com cara de caveira é uma lição de coisas feias que não devem nunca serem mencionadas ou lembradas.

De qualquer maneira, Alien – A Ressurreição supera (em muito) o filme anterior e a versão estendida conta com um final alternativo, bem mais curioso que o original. Pelo visto, até um remake do longa-metragem de 1979 ser anunciado (o que é improvável), Ellen Ripley ficará descansando em paz no conforto de um planeta Terra completamente devastado.

Nota: