Dizem que tudo que é proibido é mais gostoso. Sofia Coppola, diretora e roteirista, consegue mostrar que não é bem assim logo em seu longa de estreia. As virgens suicidas é de 1999 e conta com um elenco de peso: James Woods e Kathleen Turner como Mr. e Mrs. Lisbon, um pai ausente e uma mãe repressora; Kirsten Dunst muito magra como Lux, a filha do casal que exala luxúria e Danny DeVito numa ponta, como Dr. Horniker.
A repressão provocada pela mãe e consentida pelo pai leva a algumas situações bizarras, como a retirada das meninas da escola e seu enclausuramento em casa. Os vizinhos adolescentes são uma ponte com o exterior, o que leva a cenas tocantes, como quando eles encontram um jeito de se comunicar com as meninas usando músicas e o telefone. Falando nisso, as trilhas sonoras nos filmes de Sofia Coppola são peculiares. Ela sempre mistura temas da época com rocks de uma forma que, de início, soa estranha, mas se revela bastante harmônica. Assim, é curioso ver a cena em que Mrs. Lisbon obriga Lux a queimar seus discos de rock e a garota se agarra a um bolachão do Aerosmith e outro do Kiss. A mãe, impiedosa, joga os LPs na lareira. Só por esta cena, Mrs. Lisbon deveria arder no mármore do inferno. Queimar vinil é coisa de herege!