Belfast

O diretor Kenneth Branagh, conhecido por obras como Henry V (1989), Hamlet (1996) e Thor (2011), é um ótimo exemplo de uma carreira muito diversificada tanto no cinema quanto na TV. Ele tem trabalhos como ator, roteirista e produtor além de já ter sido indicado em todas as maiores premiações (Oscar, BAFTA, Globo de Ouro, SAG, Emmy, Grammy). Em 2021, Branagh nos conta por meio de seu mais recente filme, Belfast, uma história plenamente inspirada em sua infância na Irlanda do Norte. 

O longa é distribuído pela Universal e chega aos cinemas brasileiros no dia 10 de março. Além disso, Belfast está fazendo sucesso nessa temporada de premiações e conseguiu sete indicações ao Oscar: Melhor Filme, Direção, Atriz e Ator Coadjuvante, Roteiro Original, Canção Original e Melhor Som. Estão no elenco os Jamie Dornan, Caitriona Balfe, Ciarán Hinds, Jude Hill, Lewis McAskie e Judi Denchi. 

Belfast se passa no final dos anos 60 e segue o garotinho Buddy, interpretado pelo fofíssimo Jude Hill em sua estreia nos cinemas, durante um período de conflitos violentos entre católicos e protestantes. O filme, contudo, escolhe focar na dinâmica familiar de Buddy, e como eles lidam com a hostilidade do local onde vivem. 

Branagh decidiu filmar em preto e branco, dessa maneira, a nostalgia é inserida alguns minutos após uma abertura colorida acompanhada de uma trilha sonora convidativa e agradável. Além da trilha e do visual, o conjunto de atores escalado aqui não poderia estar em uma melhor forma. A química entre a família impressiona, e todos conseguem ao menos uma cena para brilhar e nos emocionar. 

O que poderia ser apenas mais um filme com elenco carismático e narrativa simples para agradar a todos públicos, o diretor de Belfast porém, dedica-se a tornar essa relato em uma celebração da sua infância e nos convida a participar da vida das pessoas que o criaram, conhecer os filmes e leituras que o inspiraram e compartilha conosco pequenos momentos de alegria, danças e entusiasmo assim como frustrações, medos e angústias. 

Dessa forma, a perspectiva infantil consegue atenuar os instantes de violência e perturbação na mesma medida em que acentua a conexão das experiências de Buddy com sua religião, com seus amigos e com sua família. A beleza de uma trama semi-biográfica, no meu ponto de vista, está em nos transmitir não somente os fatos vividos pelo autor, mas também os sentimentos. Por esta razão, conseguimos nos identificar com o personagem principal em uma história que é tão do diretor, que acaba sendo de todos nós.