Crítica: O Invasor (2002)

poster o invasorNO MEIO DAS COMÉDIAS SEM GRAÇA E FILMES SOBRE FAVELA, existe um cinema nacional recheado de produções sensacionais e que infelizmente muita gente parece desconhecer. Não chega a ser o caso do elogiado O Invasor, de Beto Brant, mas não custa fazer a nossa parte e deixar essa recomendação especial para quem ainda não havia ouvido falar da obra.

Terceiro longa-metragem comandado por Brant, que até então havia dirigido o excelente Os Matadores e Ação Entre Amigos, o longa-metragem é estrelado por Marco Ricca, Alexandre Borges, Mariana Ximenes, Malu Mader e Paulo Miklos (da banda Titãs). O roteiro é assinado pelo escritor Marçal Aquino, que escreveu o livro que deu origem ao filme.

O filme conta a história de Ivan (Ricca) e Gilberto (Borges), sócios numa construtora e que decidem contratar um homem para matar Estevão, sócio majoritário que estava ficando no meio do caminho nas transações desejadas por Gilberto. O que eles não esperavam é que o assassino Anísio (Miklos) acabaria se tornando uma presença constante em suas rotinas.

Em sua primeira participação no cinema, Paulo Miklos simplesmente destrói na pele do psicopata Anísio. Ao perceber que foi contratado por dois cuzões, Anísio começa a tentar invadir a vida dos caras para conseguir ficar bem de vida e não precisar “sujar” as mãos cometendo crimes. O cara é tão escorregadio e inconveniente que deixa o espectador angustiado: ele pode aparecer em qualquer lugar e simplesmente estragar tudo. Como se não fosse o suficiente, Anísio começa a se envolver com a filha do casal que ele foi contratado para assassinar: a jovem Marina (primeiro papel no cinema de Mariana Ximenes, que ganhou alguns prêmios por sua atuação).

Gosto da construção dos personagens principais. Além de Anísio ser uma persona fantástica, é interessante observar como Ivan vai pirando aos poucos com a sua crise de consciência até que isso o leva para um caminho sem volta. Gilberto, por sua vez, é um outro psicopata: não apenas finge sentir dor pela morte do sócio, como se diverte contratando uma garota de programa para ser amante de Ivan e parece disposto a qualquer coisa para conseguir os seus objetivos profissionais.

O Invasor tenta ser tenso não apenas na sua história, mas também na maneira como a narrativa é desenvolvida. Existem cenas fragmentadas espalhadas ao redor do filme que funcionam para nos deixar apreensivos e preocupados, ou como se estivéssemos sob efeito de entorpecentes. A fotografia também tem participação fundamental nesse clima tenso que o cineasta usa para criar o clima da sua produção.

Beto Brant não apenas fez um dos principais longas do cinema nacional nos últimos 20 anos, mas uma daquelas produções marcantes que grudam na gente para nos fazer pensar sempre que as pessoas são dispostas a tudo para conseguirem o que desejam. Especialmente quando estamos falando de gente sem escrúpulos. Um filmaço!

O Invasor faz parte da nossa lista especial com os 51 melhores filmes com psicopatas de todos os tempos.