O Ataque

o ataque white house down

TODO MUNDO QUER SER O BRUCE WILLIS. Lançado na década de 80, o excelente Duro de Matar continua sendo alvo de imitações cada vez menos inspiradas e medíocres. A curiosidade triste é observar que as duas principais tentativas de encarnar um novo John McClane que estrearam em 2013 tem uma premissa idêntica: a Casa Branca é vítima de um atentado e um homem corajoso precisa fazer tudo possível (e impossível) para salvar a vida do Presidente norte-americano. Depois do horroroso Invasão a Casa Branca, de Antoine Fuqua, os fãs do gênero poderão se divertir (ou não) com O Ataque, que é superior ao “concorrente”, embora isso não seja um elogio.

John Cale (Channing Tatum) leva a filha adolescente para um passeio pela Casa Branca e aproveita para fazer uma entrevista para atuar como segurança pessoal do senhor Presidente dos Estados Unidos, interpretado por Jamie Foxx (Django Livre). O que devia ser um dia sem fortes emoções, além das dificuldades em lidar com o humor temperamental de uma adolescente marrenta, se transforma em um caos completo depois que uma turma de vilões mal encarados assume o controle da Casa Branca. Cale é o único sobrevivente capaz de salvar o Presidente e todos os outros reféns, e não poupará grandes esforços para isso.

A direção de O Ataque ficou nas mãos de Roland Emmerich (2012), um sujeito tão chateado com a Casa Branca que faz questão de detonar o lugar em praticamente todos os seus filmes. Ou você se esqueceu daquela sequência nostálgica de Independence Day (aliás, o diretor faz uma referência direta ao longa-metragem durante uma cena)? O símbolo norte-americano também sofreu em 2012, ou seja, Emmerich atacou a Casa Branca em três filmes diferentes. É fetiche ou maneira de criticar o governo? Ou seria simplesmente pelo prazer de destruir as coisas, no melhor estilo Michael Bay? Não importa, especialmente quando se trata de uma obra capaz de divertir o espectador fã do gênero.

o ataque jamie foxx

As primeiras cenas explicitam toda a importância da Casa Branca. Tudo acompanhado de uma trilha sonora genérica e da vontade quase infantil do Presidente fazer o seu “tour” pelo Monumento de Washington. Aliás, esse é um dos defeitos da obra: a tendência a criar tipos e situações bobas demais e que estragam o clima “sério”. Tudo bem, você pode dizer que todos os filmes de Emmerich têm situações meio idiotas e que faz parte do “estilo” dele. Pois é. Essa parte do estilo do cineasta é um grande equívoco. Depois do “tour” (e de deixar evidente o simbolismo do lugar para os desavisados), começamos a golfar com o desempenho pífio e caricaturizado de Jamie Foxx como a versão do Presidente Obama, segundo Emmerich. Os vilões são apresentados com a mesma sutileza que Jason ataca suas vítimas durante uma sexta-feira 13. Só faltou uma placa para indicar direitinho quem é quem. James Woods e Richard Jenkins costumam se destacar positivamente em boa parte de seus trabalhos, mas isso fica bem longe de acontecer desta vez.  Para piorar a situação, ainda precisam incluir um mercenário com suásticas nazistas tatuadas pelo corpo e um bigode tão sensual quanto o do inimigo de Arnold Schwarzenegger em Comando Para Matar. E ainda assim, vejam bem, O Ataque é uma opção divertida para quem tiver vontade (ou necessidade) de ver coisas explodindo no cinema.

É inevitável querer comparar O Ataque com Invasão a Casa Branca. Além de terem roteiros semelhantes, ambos foram lançados no mesmo ano e podem acabar confundindo a cabeça de algumas pessoas. Para esclarecer, e não deixar mais dúvidas, lembre-se: o que tem o nome maior é o horrível; e o que tem o nome pequeno é o ruim. O Ataque acerta ao tentar oferecer um protagonista crível (na medida do possível) e deixar de lado o aspecto vídeo-game que tanto atrapalhou Invasão a Casa Branca. Mesmo sem contar com sequências de ação tão boas quanto a do filme concorrente, a produção estrelada por Channing Tatum é superior justamente pela assinatura de Emmerich. Ele pode ser um maníaco por destruição, mas pelo menos sempre cumpre o combinado com o espectador e garante uma diversão completamente descartável para aquele momento. Ao contrário de Fuqua, um cineasta mais respeitado e que decepcionou bastante com o seu longa-metragem. Na dúvida, a minha sugestão é: fique com o original. Duro de Matar ainda é o melhor filme do gênero. Tanto que Emmerich tratou de incluir diversas referências ao longa-metragem dirigido por John McTiernan, como o momento em que um dos personagens perde um sapato e o próprio fato da história se passar em um local fechado, dentre outros detalhes.

poster white house down

Nota:[tres]