O Besouro Verde

“O Besouro Verde” surgiu no rádio em 1936, se transformou em uma clássica série de TV nos anos 60 e agora ganha sua versão cinematográfica em um filme dirigido por Michel Gondry. Estrelado por Seth Rogen, o longa acompanha a fútil e patética vida do jovem Britt Reid (Seth Rogen, também roteirista). O playboy é o único herdeiro de um magnata da mídia e se vê obrigado a assumir o jornal do pai (Tom Wilkinson).
É durante mais um de seus atos de rebeldia mimada que Reid descobre o que, de fato, quer da vida: combater o crime. Ele se alia a seu barista/mecânico Kato (Jay Chou), mestre das artes marciais, para tirar do poder o nem tão assustador chefão Chudnofsky (Christoph Waltz).
O dedo de Rogen no roteiro significa exatamente o que se espera: risadas. No entanto, a história do improvável heroi não é uma comédia – e tampouco se define como um filme de ação. É possível que a dualidade impeça que “O Besouro Verde” chegue a ser um filme realmente bom.
Sem personalidade também ficou a direção do (mestre) Michel Gondry, muito provavelmente castrada pelo estúdio, que buscava um filme pipoca. Ao espectador mais fanático atento, os traços de Gondry se revelam aqui e ali, como na trilha sonora e alguns efeitos especiais (um dos traços do diretor é ser criativo visualmente).
O grande talento de Tom Wilkinson (que já trabalhou com Gondry em “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”) passa quase que despercebido na trama. Cameron Diaz também ficou apagada, sem chances de desenvolver uma personagem interessante de verdade. Por outro lado, o excelente Christoph Waltz faz uma cômica interpretação de um cruel chefão do crime que não consegue ser vilão. Estreando no ocidente, o ator e cantor taiwanês Jay Chou consegue, por vezes, roubar a cena de Rogen, que, embora ideal para o papel, faz um trabalho dentro da média.
Todos os clichês estão lá: a luta do bem contra o mal, a moça bonita, o menino que tem questões mal resolvidas com o pai, a moral da história (que convida a uma reflexão sobre o papel do jornalismo). Não, “O Besouro Verde” não é uma obra-prima. Mas quem disse que seria? Todos os clichês são bem vindos, porque é o que se espera. É um filme feito para divertir, e nesse quesito ele cumpre o que promete. Se não pelos maneiríssimos efeitos 3D, então pelos personagens fáceis de digerir e tiradas engraçadas. Vale a aventura e o ingresso.