O Homem Do Norte: brutal, mitológico e emocionante épico de Robert Eggers

O Homem do Norte estreia dia 12 de maio nos cinemas brasileiros e é o terceiro filme dirigido por Robert Eggers. O cineasta é responsável pelos filmes de terror independentes A Bruxa (2015) e O Farol (2019), e, para este projeto contou com uma produção de um grande estúdio (Focus Features) e com um orçamento de 90 milhões de dólares. Estão no elenco: Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Claes Bang, Anya Taylor-Joy, Ethan Hawke, Björk, e Willem Dafoe.

Dessa maneira conseguimos perceber que O Homem do Norte é um filme ambicioso tanto pelos talentos envolvidos no longa, quanto pela história escolhida por Eggers, um épico baseado na mitologia nórdica. Na trama seguimos o jovem viking Amleth, interpretado por Alexander Skarsgard que após ver seu pai, o rei Aurvandill, vivido por Ethan Hawke, ser traído e morto pelo irmão, foge de sua vila e prometendo voltar para se vingar. Alguns anos depois, Amleth, agora adulto, inicia o planejamento de sua vingança.

É interessante ressaltar que o longa tem uma montagem em capítulos, tornando assim a experiência muito próxima a da literatura. O roteiro navega pelos passos do protagonista como quem nos conta uma história em partes, conseguindo capturar a essência da cultura e transferi-la para a tela de forma acessível. Veja bem, não é necessário ser um estudioso da cultura viking para acompanhar o filme. Embora ele tenha simbolismos que podem parecer confusos e específicos, como a religião e os esportes praticados por eles, a trama principal traz elementos conhecidos e simples: destino e escolhas, intriga familiar, amor, ódio e traição.

O Homem do Norte utiliza de uma fotografia atmosférica que é fria e cinzenta em certos momentos mas também quente e escarlate em outros. Ela amplia alguns cenários em detrimento dos seus personagens, mas quando faz uso de close-ups nos coloca ao encontro das emoções brutais que eles sentem e externalizam. Tudo isso, aliado a uma trilha sonora bem executada e inovadora. Alguns sons são tão diferentes que parecem nos transportar para dentro do filme de forma tão imersiva. Também parabenizo a equipe de Design de Produção, a riqueza de detalhes aqui impressiona.

Outro destaque de O Homem do Norte está, sem surpresa, em seu elenco. Elogiar as performances aqui é até redundante, pois é impossível assistir o filme sem ser impactado por elas. Começando por Alexander Skarsgard (de A Lenda de Tarzan), se você é um grande fã do ator, precisa conferir toda a potência, força e intensidade que ele apresenta aqui. Nicole Kidman (Apresentando os Ricardos) faz a mãe do protagonista, a rainha Gudrún, sua personagem discorre um monólogo que é de arrepiar.

Além disso, a excepcional atriz Anya Taylor-Joy (de A Noite Passada em Soho) repete sua parceria com o diretor e dá vida para Olga da Floresta de Bétulas, outra figura indispensável para o andamento da narrativa, que ajuda Amleth em sua missão,juntos eles são destemidos e inteligentes. Ademais, os atores coadjuvantes ou com menos tempo de tela, não passam despercebidos. Isto é, nota-se a qualidade da produção, quando todos seus personagens conseguem brilhar de alguma forma e nenhum deles é desperdiçado.

 

 Por outro lado, é relevante dizer que sim, o filme é brutal, em razão do universo inserido. Os vikings retratos aqui são guerreiros violentos que executam matanças e escravizam seus inimigos. Para aqueles que assim como eu, são um pouco sensíveis a imagens mais gráficas vale o aviso de que algumas cenas podem ser desconfortáveis para você.

De todo modo, essa odisseia é maravilhosa de acompanhar, é impressionante como um diretor com visão pode fazer seja com pouco ou muito dinheiro. O Homem do Norte irá enfrentar mais uma batalha nos cinemas do Brasil: a disputa por salas com Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Por entender que guiar o público a experiências distintas e marcantes pode ser  um dos objetivos de uma crítica, indico fortemente que caso você tenha que escolher entre um dos dois filmes, que seja assistir O Homem do Norte.

Veja bem, esta dica não tem a intenção de diminuir um filme em relação ao outro, e, entende que as duas obras devem ser respeitas. Todavia, é importante incentivar as pessoas a assistirem projetos como este, pois tem sido raros de serem encontrados nas telonas. Um épico histórico, sangrento, arrebatador, visceral, repleto de suspense e reviravoltas, pensado minimamente para que sua ida ao cinema seja recompensadora e singular, assim é O Homem do Norte. Não perca!