Crítica: Vizinhos 2 (2016)

CONTINUAÇÕES DE COMÉDIAS DE SUCESSO SOFREM COM A PRESSÃO. Muitas vezes o resultado acaba ficando abaixo do esperado e parecendo uma cópia sem inspiração do original. Vizinhos 2, de Nicholas Stoller, se enrola entre imitar a fórmula do original com elementos novos, e quem perde com isso são os fãs do primeiro filme. Isso não significa que o filme seja ruim, no entanto.

Desta vez, o casal vivido por Seth Rogen e Rose Byrne está tentando vender a sua casa e seus planos começam a correr o risco de serem arruinados depois que uma nova fraternidade universitária se muda para a casa ao lado. Paralelamente, temos o retorno de Zac Efron e seu personagem vivendo uma grande crise de identidade.

A introdução da personagem de Chloe Grace Moretz e todas as suas motivações para criar a sua própria fraternidade dão o tom crítico de Vizinhos 2: as garotas se rebelam contra o sexismo e expõe situações ridículas que algumas mulheres se sujeitam. Essa crítica em um formato bem humorado fica ainda mais eficiente ao retratar essas personagens como pessoas normais, que estão corretas em lutar por seus direitos, mas acabam tropeçando na própria imaturidade para saber fazer isso da forma correta. Ao dar igualdade para garotas e garotos, Vizinhos 2 acerta em cheio.

O roteiro explora muito a questão de reconhecimento e amadurecimento. Tanto o casal Rogen/Byrne quanto Efron lutam para conseguirem evoluir. Os primeiros para se tornarem pais melhores e o outro tentando aceitar que não é mais um adolescente…

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Mesmo com tantas cenas de humor físico, como a hilariante sequência em que um air bag é usado, o destaque de Vizinhos 2 está nos trocadilhos e comentários inadequados e grosseiros dos protagonistas, como ter a indelicadeza de comentar sobre a gravidez da esposa dizendo ter um “judeuzinho no forno”.

Temos inúmeras cenas musicais (e você pode ler sobre elas aqui), mas a principal acontece ao som de “Sabotage”, do Beastie Boys, numa sequência hilária em que nossos protagonistas tentam furtar o estoque de maconha das suas vizinhas barulhentas durante um evento na cidade. O uso de slow motion, o fato de estarmos falando de drogas e personagens idiotas, de uma ação improvável e infantil, e principalmente, da canção escolhida, tornam esse momento muito divertido.

Falando em ações improváveis e infantil, acredito que o principal defeito de Vizinhos 2 são as situações apresentadas no roteiro. Tudo bem usar e abusar de absurdos, mas desde que eles façam parte da lógica interna do roteiro. Infelizmente, o roteiro exagera nesse ponto e nos trata como espectadores tão (ou mais) idiotas quanto os protagonistas. Isso atrapalha demais a fluidez do roteiro, ainda mais quando o original tinha esse cuidado.

Vizinhos 2 diverte com suas piadas politicamente incorretas, uma trilha sonora inspirada e principalmente pelos seus personagens cativantes. Uma pena que a continuação não consiga repetir o mesmo feito do longa original, já que falta um pouco de espontaneidade, mas ainda assim é uma boa pedida para os fãs do gênero.