Crítica: Benzinho

Situado em um bairro de classe média baixa no Rio de Janeiro, Benzinho retrata uma típica família brasileira, em especial a mãe Irene (Karine Teles), que tem uma crise após saber que seu filho mais velho Fernando (Konstantinos Sarris), recebeu uma proposta para jogar handebol na Alemanha e deve partir em apenas 20 dias.

Mais conhecida por seu papel como a patroa de Regina Casé no filme Que Horas Ela Volta?, Karine Teles mostra sua versatilidade ao interpretar o oposto em Benzinho, sua personagem Irene é uma mãe de quatro filhos dedicada e esforçada, que se desdobra entre seu trabalho como sacoleira e o supletivo. E o maior mérito do filme é a performance cheia de nuances de Karine, que com esse papel prova ser uma das melhores atrizes do cinema nacional atual. Além disso, ela também assina o roteiro, que escreveu junto com seu ex-marido e diretor Gustavo Pizzi.

Adriana Esteves e Otávio Müller também tem boas atuações, em papéis diferentes aos que estamos acostumados a vê-los na TV. Destaque também para o design de som, que ajuda a fazer com que duas sequências sejam as melhores do filme. A primeira, é quando Irene descobre que seu filho recebeu a proposta para jogar fora do país, e a segunda é ultima sequência do filme, mas claro, não darei spoiler.

A casa em que vivem também é um personagem, que parece estar desmoronando, assim como as pessoas daquela família, e nesse ponto lembra um pouco o filme argentino O Pântano, mas sem a originalidade estética de Lucrécia Martel.

Apesar de se passar nos dias de hoje, a classe média periférica retratada é datada, a fotografia e a ambientação dão a sensação de que o filme se passe nos anos 70 ou 80, mas isso não é necessariamente um problema. Benzinho é um filme leve, simpático e fácil de identificar-se, que emociona graças a sua simplicidade e ótimas atuações.