Aconteceu ontem, 6 de janeiro, a 76ª edição do Globo de Ouro. A premiação reconhece os trabalhos de destaque do último ano no cinema e televisão, sendo organizada pela Hollywood Foreign Press Association (HFPA).
Trata-se do primeiro grande evento de 2019 e que já nos mostrou, pelo menos um pouco, a tendência desta temporada de premiações. Pouco porque é a imprensa estrangeira de Hollywood que escolhe os indicados e vencedores, público bastante diferente do SAG, BAFTA e Oscar. Ou seja, o resultado dá certa força aos ganhadores, mas não garante em nada a estatueta no fim de fevereiro.
O principal destaque da noite foi Bohemian Rhapsody, biografia do Queen: Melhor Filme de Drama e Ator de Drama (Rami Malek). Alguns jornalistas especializados já esperavam isso em função do quanto a HFPA amou o filme. Além disso, apesar das críticas fracas (62% no Rotten Tomatoes e 49/100 no Metacritic), o longa tem sido um grande sucesso de bilheteria pelo mundo: mais de $ 740 milhões arrecadados até o momento. Isso e, obviamente, a popularidade da banda e paixão pela figura de Freddie Mercury, lhe deu forças na corrida para o Oscar.
A briga nessas duas categorias ainda segue em aberto, pois Roma, Nasce uma Estrela e Green Book: O Guia também podem ser premiados como melhor filme. Afinal, são produções extremamente bem recebidas pela imprensa e premiadas em festivais. Na disputa de atuação masculina, Bradley Cooper é outro favorito. Ele tem a seu favor uma produção aprovada de forma consensual pela crítica, pelo público e uma carreira mais consolidada que a de Malek. O SAG vai nos confirmar de qualquer forma no dia 27.
Entre os coadjuvantes, Mahershala Ali pode seguir os passos de Christoph Waltz e ter duas estatuetas em casa nessa categoria. Reconhecido em 2017 por sua performance em Moonlight, o ator é destaque agora em Green Book. Nas próximas semanas, saberemos dizer com mais precisão se o Oscar realmente será dele ou se algum outro nome pode surpreender, como Richard E. Grant ou Sam Elliott.
Outro que deve fazer dobradinha é Alfonso Cuarón, favorito para a categoria de direção. O mexicano ganhou o Globo por seu trabalho em Roma, cinco anos após sua conquista por Gravidade. A produção, disponível na Netflix, também foi reconhecida como Melhor Filme Estrangeiro. Será que a Academia fará o mesmo?
No caso das performances femininas, é difícil fazer uma previsão. Regina King levou o prêmio de atriz coadjuvante no Globo de Ouro, mas foi esnobada no SAG. A última vez que uma atriz na situação dela venceu o Oscar foi em 2002, quando Jennifer Connelly conseguiu o feito sem ser indicada na cerimônia do Sindicato de Atores. Por isso, temos que aguardar o Critics’ Choice, BAFTA e SAG para ver se King terá alguma competição. Nada impede ela de ter o mesmo destino de Sylvester Stallone em 2016, que venceu o Globo de Ouro e o Critics’ Choice, mas foi esnobado no SAG e perdeu a estatueta para Mark Rylance, ganhador do BAFTA.
Na categoria de melhor atriz, tudo indica que está entre Glenn Close e Olivia Colman. Como a primeira acumula na carreira seis indicações ao Oscar, é um nome extremamente consolidado e respeitado na indústria e foi aclamada no drama A Esposa, a tendência é que a Academia lhe dê o Oscar no mês que vem.
Lady Gaga não deve ser premiada por sua atuação elogiada em Nasce uma Estrela, mas o Oscar de Canção Original é dela. É muito difícil vê-la perder a estatueta em 2019.
O Globo de Ouro não tem categorias específicas para os roteiros, premiando somente um. O Writers Guild Awards (WGA) vai nos dar uma melhor noção sobre os potenciais vencedores do Oscar. No entanto, a vitória de Green Book pode dar uma força ao filme na corrida dos roteiros originais, em especial contra Roma e A Favorita.
Lembrando que no dia 13, próximo domingo, acontece em Los Angeles o 24º Critic’s Choice Awards, promovido pela Broadcast Film Critics Association. Também é um evento da crítica, só que americana e canadense.
MELHOR FILME – DRAMA
Bohemian Rhapsody
MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL
Green Book: O Guia
MELHOR DIREÇÃO
Alfonso Cuarón, Roma
MELHOR ATRIZ – DRAMA
Glenn Close, A Esposa
MELHOR ATOR – DRAMA
Rami Malek, Bohemian Rhapsody
MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL
Olivia Colman, A Favorita
MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL
Christian Bale, Vice
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Regina King, Se a Rua Beale Falasse
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Mahershala Ali, Green Book: O Guia
MELHOR TRILHA SONORA
Justin Hurwitz, O Primeiro Homem
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Shallow, Nasce uma Estrela
MELHOR FILME ESTRANGEIRO
Roma
CECIL B. DEMILLE AWARD
Jeff Bridges
CAROL BURNETT AWARD
Carol Burnett