Sexo, Mentiras e Videotape

(Sex, Lies e Videotape). De Steven Soderbergh. Com Andie MacDowell, James Spader, Peter Gallagher e Laura San Giacomo.

A história deste filme, é basicamente esta: sexo, mentiras e videotape. Mas o que pode parecer a princípio uma história simples, sem muita profundidade, pode te surpreender. Poucos diretores tiveram uma estréia no cinema tão reconhecida. E merecidamente. Com
Sexo, Mentiras e Videotape, Steven Soderbergh se lançou para o mundo, podendo realizar desde trabalhos mais autorais até os mais hollywoodianos. A história não é fácil. Independente de uma possível sinopse, é sobre as verdadeiras motivações das pessoas, sobre como descobrimos que toda nobreza é contestável, quando descobrimos as idiossincrasias de cada um.


Temos quatro personagens, bem esquemáticos mesmo. Ann (Andie MacDowell) é uma dona de casa frustrada em seu casamento, que prefere se contentar com a vida que leva, do que buscar a felicidade: “a última vez que me senti feliz, pesava 12kg a mais! Meu marido quase teve um ataque!”, diz Ann em uma de suas seções de análise. O marido em questão é John (Peter Gallager), que se sente o máximo pelo fato de atrair ainda mais mulheres desde que colocou uma aliança de casado no dedo, e prefere se envolver com a cunhada do que refazer seu casamento. A cunhada é Cynthia (Laura San Giacomo) que hostiliza toda motivação mais moralista, não tanto pela motivação em si, mas porque isso seria agir como sua irmã, “sempre a mais querida e preferida Ann”. E para fechar o “quadrado amoroso”, temos Graham (James Spader), amigo de John que chega à cidade, e, com sua aura de mistério envolve a todos em sua teia de obsessões, e faz com que verdades sejam reveladas aos poucos.

O que acontece é que, por mais que possa parecer manjada, a história é muito bem contada e interpretada pelos atores. Com quase nenhuma trilha sonora, o que vemos são diálogos onde todos se revelam e deixam que suas máscaras caiam, sem saber que, no fim das contas, a verdade sobre si mesmos, poder ser a mais medíocre possível.

A atuação do quarteto também é fundamental para o êxito da história, com destaque para Andy MacDowell (mas conhecida por suas performances em propagandas da L’oreal…). Ela está perfeita no papel daquela que cuida minuciosamente de cada detalhe de sua vida, para que pareça a mulher perfeita, mas que não consegue resistir aos encantos do sedutor e misterioso Graham, para quem se abre sem pensar.

A cena final não deixa de ser uma brincadeira do diretor. Se desde a primeira cena temos falas fortes e muito bem escritas (“Alguém procura analistas quando obcecado por coisas boas e alegres?” é a melhor delas), no final temos a mais corriqueira das conversas. Com um leve toque de improviso dos atores. Ótimo filme.