10 escritoras que você deveria conhecer

O Felipe Borba preparou uma homenagem super especial para o dia 8 de março e fala sobre 10 escritoras que você deveria conhecer e como o trabalho delas se tornaram referência na literatura: 

Virginia Woolf destaque

Algumas feministas, outras notáveis e escritoras que estão começando agora. Elas foram à luta pelos seus direitos e se tornaram exemplos para as gerações seguintes. Muitas deixaram (e estão deixando) sua marca como escritoras, personagens — reais ou inventadas — e inspiram tantas outras mulheres. Conheça:

  • Chimamanda Ngozi Adichie

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Chimamanda é bastante conhecida pelo seu livro “Americanah” (2013), mas foi em 2012, em uma palestra feminista no TEDxEuston entitulada, “Todos nós deveríamos ser feministas” que ela ganhou maior reconhecimento. Seu discurso foi incorporado em 2013 na música “Flawless” da cantora americana Beyoncé, e ganhou com isso mais notoriedade.

“Nós ensinamos as meninas a se retraírem para diminuí-las. Nós dizemos para as garotas: você pode ter ambição, mas não muita. Você deve ser bem sucedida, mas não muito. Caso contrário, ameaçará o homem. Porque eu sou uma fêmea, esperam que eu deseje me casar, esperam que eu faça as minhas próprias escolhas na vida sempre tendo em mente que o casamento é o mais importante”.

Ela compartilhou sua experiência de ser uma feminista africana, e sua visão sobre construção de gênero e sexualidade.

″Eu estou com raiva. A construção de gênero do modo como funciona atualmente é uma grave injustiça. Todos nós deveríamos estar com raiva. Esse sentimento, a raiva, é importante historicamente para as transformações sociais positivas, mas além de estar com raiva eu também estou esperançosa porque eu acredito profundamente na habilidade dos humanos de se reiventarem e se tornarem melhores”.

(ative as opções de legenda nas configurações do Youtube)

  • Simone de Beauvoir

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É dela uma das principais frases do movimento feminista: “Não se nasce mulher, torna-se mulher.” A mulher não tem um destino biológico, ela é formada dentro de uma cultura que define qual o seu papel no seio da sociedade. As mulheres, durante muito tempo, ficaram aprisionadas ao papel de mãe e esposa, sendo a outra opção o convento. Porém, a própria Simone rompe com esse destino feminino e faz de sua vida algo completamente diferente do esperado para uma mulher.

Nascida em uma família da alta burguesia francesa, Simone era a mais velha de duas filhas. Durante sua infância a família faliu e, por considerar que as filhas não conseguiriam bons casamentos, pois não havia dinheiro para um bom dote, George de Beauvoir se convenceu de que somente o sucesso acadêmico poderia tirar as filhas da pobreza. De fato, Simone de Beauvoir teve mais poder de escolha que muitas mulheres de sua época. A educação e o desenvolvimento acadêmico são até hoje maneiras de forjar mulheres mais independentes, que rompem com os padrões de sua época.

Simone de Beauvoir tinha 41 anos quando publicou “O Segundo Sexo”, em 1949. Já naquela época a obra levantou inúmeras polêmicas. Uma das principais acusações é que Simone ridicularizava os homens. Isso é uma acusação que muitos usam contra o feminismo. Porém, as pessoas parecem não querer compreender o que realmente se passa na vida das mulheres e como todo o poder está concentrado nas mãos dos homens. “O Segundo Sexo” não é uma fonte historiográfica para conhecer a história da mulher desde a antiguidade. É uma obra de inspiração, fundamental para descortinar a maneira pela qual as mulheres são criadas justamente para serem menos que os homens.

Posições políticas opostas e ainda a Igreja Católica colocaram o livro, que mais tarde inspirou o feminismo, na lista dos proibidos. Analisando a hierarquia dos sexos e a opressão da mulher em geral, Simone deixou a França devido à repercussão de sua publicação.

  • Virginia Woolf

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A relação entre a Virginia Woolf e o feminismo é muito forte. O feminismo de Woolf, que inclui não apenas a política feminista explícita, mas sua preocupação e fascínio com identidades de gênero e a história por trás de cada mulher. Em suas obras, Woolf apresentava a desigualdade de gênero e a opressão. Suas obras foram fundamentais para a ‘segunda onda’ política feminista e do movimento da libertação das mulheres no final dos anos 1960 e 1970, que coloca muitas das bases para a evolução da crítica e da teoria feminista e de gênero.

Em Mrs Dalloway, Woolf critica em sua obra a relação patriarcal da sociedade inglesa no inicio do século XX, reconhecendo a dificuldade da mulher em conquistar seu espaço diante da dependência econômica e do pouco acesso à educação. Woolf destaca essa condição feminina em seu livro, trazendo situações em que a mulher era “o reflexo do homem” ou oprimida por este. A exemplo da própria protagonista da obra, Mrs. Dalloway, que se escondia atrás do sobrenome do marido: só descobrimos depois que seu nome era Clarissa e que antes de casar-se chamava-se Miss Parry (sobrenome do pai). Estava sempre definida pelo outro, pelo homem, “pertencendo” primeiro ao pai e depois ao marido, mas nunca se pertencendo nem sendo ela mesma, Clarissa.

  • Bertrice Small

Bertrice, que faleceu aos 77 anos no dia 24 de Fevereiro de 2015, é reconhecida por ter sido uma das primeiras mulheres a escrever romances de cunho erótico na América. A escritora publicou mais de 50 livros e foi extremamente influente no gênero de romance. Ao tentar vender sua obra para a editora americana Putnam, O presidente da editora disse a ela: “Mrs. Small, eu sugiro que você fique em casa e seja uma boa mãe para o seu menino e esqueça todo esse negócio de escrever”. Small respondeu que ela ainda estaria nos negócios por muito tempo. E ela estava! Três anos depois, conseguiu vender sua obra e respondeu: “Eu não escrevo mulheres fracas”.

Small sempre escreveu sobre mulheres fortes e avançadas para o seu tempo. Em um de seus livros, “Skye O’Milley”, a protagonista é uma pirata que rouba navios!

  • Clarice Lispector

“Toda mulher leva um sorriso no rosto e mil segredos no coração.”

0-l7giey3qgrDLTJ7x“A mulher só ocupa o espaço interno e o homem, o espaço público”, declarou certa vez Clarice Lispector. As obras “Laços de família”“A hora da estrela” e “Água viva”, mostram a presença do discurso feminino na literatura brasileira, sem, no entanto, assumir bandeiras feministas.

Em “Deve a mulher trabalhar?”, a escritora problematiza a inserção da mulher no mercado de trabalho, trazendo à discussão as consequências dessa inserção, os paradigmas quebrados, a organização machista da sociedade, entre outros.

Clarice também problematiza um “eterno destino biológico” que se viu questionado pela inserção da mulher no mercado de trabalho e pela luta feminista, dizendo que, para a mulher, é possível continuar apenas seguindo-o, mas, por outro lado, também é possível escolher outro caminho que a mulher possa escolher.

  • Lena Dunham

HOLLYWOOD, CA - DECEMBER 12: Actress Lena Dunham attends the premiere Of Universal Pictures' "This Is 40" at Grauman's Chinese Theatre on December 12, 2012 in Hollywood, California. (Photo by Jason Merritt/Getty Images)

A nova-iorquina ganhou fama aos 26 anos como criadora, produtora, diretora e protagonista da série Girls. Sucesso de crítica, Dunham foi premiada com um Globo de Ouro e um Bafta em 2013 e um Emmy em 2012, entre outros prêmios relacionados à TV. Polêmica, espontânea e bem-sucedida, foi comparada a Salinger e Woody Allen pelo The New York Times. Lena Dunham é sem dúvida uma das vozes da sua geração: ativa nas redes sociais e engajada com temas feministas, posicionou-se em seu Twitter contra o compartilhamento das imagens íntimas de atrizes famosas que vazaram na internet recentemente.

“O feminismo não completou seu trabalho. Não existe uma sociedade equilibrada”.

Em seu livro “Não sou uma dessas”, Dunham declara nas primeiras páginas: “Por mais que tenhamos trabalhado muito e por mais longe que tenhamos chegado, ainda existem muitas forças que conspiram para dizer às mulheres que nossas preocupações são fúteis, que nossas opiniões não são relevantes, que não dispomos do grau de seriedade necessário para que nossas histórias tenham importância. Que a escrita pessoal feminina não passa de um exercício de vaidade e que nós deveríamos apreciar esse novo mundo para mulheres, sentar e calar a boca”.

  • Jane Austen

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Jane Austen é uma das escritoras inglesas mais famosas, passados mais de dois séculos de sua morte. Autora de romances como Orgulho e preconceito, Razão e sentimento e Persuasão, consagrou-se por seus diálogos afiados e pela ironia presente em seus romances. Seus recursos de linguagem tinham um alvo específico: a sociedade provinciana inglesa do século XVIII.

“Os homens levaram todas as vantagens sobre nós ao contar sua própria história.”

Há muitas mensagens potencialmente anti-feministas em Jane Austen, incluindo a exigência para que as mulheres se casem, a representação de algumas mulheres como altamente tolas, e o fato de que os homens, por vezes, salvam o dia.

Em Mansfield Park, Fanny é acusada de ingratidão por se recusar a casar com o filho de seu tutor, mas a decisão dela é mostrada para ser correto, e seu guardião, eventualmente, reconhece seu julgamento superior. Austen promove a ideia de que as decisões e as escolhas das mulheres são igualmente importantes para a dos homens.

  • Ayn Rand

0-rs57jfweL4xU40NXAyn Rand foi uma escritora, dramaturga, roteirista e controversa filósofa norte-americana de origem judaico-russa. Trabalhou como roteirista em Hollywood e teve uma peça produzida na Broadway, em 1935–1936. Alcançou a fama com seu romance The Fountainhead, publicado Am 1943, que em 1957 foi seguido por seu melhor e mais conhecido trabalho, o romance filosófico A Revolta de Atlas.

Considerado o livro mais influente nos Estados Unidos depois da Bíblia, segundo a Biblioteca do Congresso americano, A Revolta de Atlas é um romance monumental. A história se passa numa época imprecisa, quando as forças políticas de esquerda estão no poder.

  • Amanda Palmer

0-ea-ciO8mITtWl02_Feminista, sem travas na língua, bissexual e casada com o quadrinista e escritor Neil Gaiman, já fez músicas sobre aborto, sexo, amor livre, depilação, drogas e nudez. Nada escapa das suas palavras. Sua vida é uma extensão das canções que faz. Só canta o que vive, ou quer viver, “A música é a ferramenta perfeita para tudo o que eu tenho feito em toda a minha vida”.

Com a bagagem adquirida nas ruas, Amanda se aventurou como balconista, escritora e diretora de peças de teatro, garçonete, vendedora de brechó e stripper até se tornar uma cantora, compositora, diretora e blogueira de renome.

As atividades em diferentes áreas lhe ensinaram muitas coisas, principalmente a saber pedir. Sem medo de se mostrar vulnerável, ser rejeitada ou ser considerada fraca, Amanda Palmer se tornou a cantora que dorme na casa dos fãs, que conta com eles para arrecadar dinheiro para a produção do álbum de sua banda, que fala abertamente sobre a importância e a dificuldade de pedir ajuda, seja ao marido famoso ou a um desconhecido.

Tudo isso está revelado na obra A arte de pedir. Mobilizadora de multidões online, Amanda comenta desde a intimidade com marido até a experiência bem- sucedida no Kickstarter, site de financiamento coletivo, através do qual arrecadou mais de 1 milhão de dólares para seu projeto musical, recorde que chamou atenção tanto da imprensa como da indústria fonográfica. Longe de ser um manual, a obra mostra que pedir é digno e necessário e que a conexão entre quem dá e quem recebe é uma das coisas que mais enriquecem a vida humana.

  • Malala Yousafzai

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Aos 11 anos, Malala começou seu blog era escrito sob um pseudônimo, mas logo se tornou conhecido. Ela não tinha receios em falar em público sobre sua defesa da educação feminina. Os posts para a BBC duraram apenas alguns meses, mas deram notoriedade à menina. Ela deu entrevistas a diversos canais de TV e jornais, participou de um documentário e foi indicada ao Prêmio Internacional da Paz da Infância em 2011.

Quando o Talibã tomou controle do vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida. Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York.

Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brilho e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente.