Resenha: A incrível Guerra do Velho!

“Parte do que nos faz humanos é o que significamos para as outras pessoas e o que as pessoas significam para nós.”

Quem acompanha as principais editoras do país nas redes sociais sabe o quanto o começo de ano é importante para os leitores. É nesse período que eles anunciam seus lançamentos e as grandes apostas.  E 2016 não foi diferente. Depois de a Editora Aleph anunciar tantos livros bacanas e passarem aqui por BH com o Encontro Intergalático, só tive um pensamento: meu cartão de crédito não vai aguentar tanta coisa boa!

John Perry Guerra do Velho Editora Aleph
Pois bem, um dos títulos que me chamou bastante atenção foi Guerra do Velho, de John Scalzi, lançado em abril aqui no Brasil. Para você ter uma ideia, Scalzi é atualmente o queridinho da ficção científica nos Estados Unidos e fechou este ano um contrato de 3,4 MILHÕES DE DÓLARES com a Editora Tor. O autor venceu em 2013 o Hugo Awards e fechou três contratos para adaptações televisivas dos livros Redshirts pelo FX, Lock in pela Legendary TV e Guerra do Velho pelo Syfy.

guerra do velho fraseO que torna alguém humano? Qual o significado da mortalidade e a ética de extensão de vida?

Diferente de muitas obras da categoria, Guerra do Velho passa longe de ser um livro sério e cheio de explicações complexas, deixando a leitura ainda mais fluida e despretensiosa.  A obra é um entretenimento de ficção científica e ideal para quem está começando no gênero. Nesta aventura intergaláctica, os seres humanos acima de 75 anos são convocados a participarem do exército e lutar no espaço contra raças alienígenas um tanto hostis, enquanto na terra ninguém sabe muito bem o que está se passando lá fora. O exército, conhecido como Forças Coloniais de Defesa (FCD) não apenas mantém a guerra longe dos terráqueos e colonos, como também evita que eles saibam demais sobre a situação do universo. Nesta era das viagens interestelares, poucos são os planetas habitáveis disponíveis e para piorar, há muitos alienígenas lutando por eles.

“As pessoas se alistam porque não estão prontas para morrer e não querem envelhecer. Alistam-se porque a vida na Terra não é interessante depois de uma certa idade. Ou se alistam para ver um lugar novo antes de morrer. É por isso que me alistei, sabe? Não estou ingressando para lutar ou ser jovem de novo. Apenas quero ver como é estar em outro lugar.”

A trama narra a história de John Perry, um senhor de 75 anos que ao perder sua esposa decide mudar sua vida pacata se alistando ao exército sem ao menos saber o que o espera. Para começar, quem se alista ao exercito é considerado morto na Terra e precisa abdicar de todos os seus bens e heranças, além de assinar um contrato que pode levar de 2 a 10 anos de serviços.  Rabugento, com muitas piadas de velho e gírias bem “marotas”, Perry é um personagem que te ganha facilmente com seu bom humor.

“O problema de envelhecer não é acontecer uma desgraça após a outra – é toda a desgraça acontecer de uma vez e o tempo todo”

Abertamente moldada com base em Tropas Estrelares, Guerra do Velho conta com segredos que vão sendo revelados ao longo dos capítulos de forma que o leitor queira continuar devorando o livro, como por exemplo: como velhos de 75 anos são possíveis de defender a Terra e lutar para colonizar outros planetas? Por que ninguém na Terra pode saber o que está acontecendo ‘lá fora’? Quem é que está por trás de toda a organização da FCD?

“Eu também não ligava de envelhecer quando era jovem (…) Foi ser velho que passou a incomodar”

No primeiro volume da série (de seis livros até o momento), somos apresentados a um universo incrível repleto de tecnologias, espaçonaves completas e a personagens bastante divertidos. Nas primeiras semanas, Perry faz sua turma de amigos, que denomina de velhotes e passam por uma série de treinamentos e exames, trazendo a tona aquele sentimento de primeiro dia no ensino médio, que logo é quebrado pelas missões.

Scalzi consegue construir bons e importantes personagens secundários, entre eles o Sargento Ruiz, que mesmo com tantas características clichês, consegue ser incrível e nos cativar fortemente em determinado momento do livro. Uma pena que alguns personagens secundários tiveram seus destinos definidos de forma muito breve. Outro detalhe muito importante é como Scalzi consegue incluir mulheres na guerra e personagens gays em sua obra sem precisar estereotipa-los.

Em suma, Guerra do Velho foi o livro mais divertido que li este ano e recomendo bastante! Mesmo que Scalzi tenha utilizado mil e uma referências e fórmulas que já estamos cansados de ver por aí, ele inovou. E como inovou! Suas ideias conseguem ser plausíveis e aborda temáticas como a morte, o casamento, a amizade e tudo aquilo que nos faz ser humano.

“– Não há estabilidade aqui. Não há nada aqui com que eu me sinta realmente seguro. Meu casamento teve seus altos e baixos, como o de todo mundo, mas quando vinham os baixos, eu sabia que era sólido. Sinto falta dessa espécie de segurança e desse tipo de conexão com alguém. Parte do que nos faz humanos é o que significamos para as outras pessoas e o que as pessoas significam para nós. Sinto falta de significar algo para alguém, de ter essa parte humana. ”

Aleph, adianta o segundo volume da série. Nunca te pedi nada <3

Para saber todos os livros que a Editora Aleph prometeu lançar em 2016, assista o vídeo a seguir:

Dados Técnicos:Guerra_do_Velho

Título: Guerra do Velho

Título original: Old Man’s War

Autor: John Scalzi

ISBN: 9788576572992

Idioma: Português

Especificações: 368 páginas