Histórias de Cinema #3: A Época da Inocência

A coluna Histórias de Cinema é uma visita ao passado com os nossos escritores relembrando como foi a experiência de assistir a determinadas obras. Caso você queira participar, veja como no final do texto!
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Confesso que nunca fui lá fã de Martin Scorsese, claro que reconheço seu talento – afinal quem sou eu para contestar essa verdade? –, mas só fui olhar com carinho para ele depois de assistir A Época da Inocência. Por esse filme me rendi ao mestre.

Na época do lançamento cursava Comunicação no interior de São Paulo e fui assisti-lo junto com três amigas de sala. O mais curioso é que me lembro de ter gostado e só, ao sair da sessão até comentamos sobre a famosa cena da luva, na qual Scorsese em sua genialidade consegue transformar um simples gesto de retirar a luva da amante em uma imagem poderosa, carregada de simbolismos e erotismo, uma aula de cinema!

Acredito que minha admiração foi acontecendo aos poucos, foi como me surpreender por alguém que já conhecia a cada dia. Claro que hoje tenho o DVD da obra para sempre ter a chance de encantar-me novamente.

O incrível que até hoje me emociono com a história de amor impossível entre Newland Archer e Condessa Ellen, interpretados brilhantemente por Daniel Day Lewis, perfeito como sempre, e Michelle Pfeiffer, no auge da sua beleza. Nem vou falar que ainda lamento a impossibilidade dessa paixão, coisa de cinéfila doida!

Sem contar que a produção é primorosa! Os bailes, os figurinos, os cenários, os jantares suntuosos, os teatros operísticos, as obras de artes, tudo é um deleite para os olhos; ainda tem a linda fotografia, como na cena em que a Condessa está parada sob um lindo pôr do sol sendo contemplada pelo olhar pesaroso do seu amado, que nos faz relembrar quem é o cara por detrás das câmeras.

Amo também a elegante narração em off da atriz Joanne Woodward, um personagem à parte no enredo, sua voz calma e pausada contribui ainda mais para transmitir sofisticação àquela sociedade.

Vou terminar apresentando o meu diálogo predileto – que mostra outro trunfo do filme: o
enredo. O casal se encontra e discute sobre a impossibilidade de ficarem juntos, até que Newland solta “você me deu o vislumbre de uma vida real e agora está pedindo para eu continuar com a falsa.”.

Precisa de mais? Acho que não, né?!? A Época da Inocência é lindo, irretocável, completo, essa é a minha obra-prima escolhida!

A coluna Histórias de Cinema é colaborativa e o espaço está aberto para os nossos leitores. Caso você tenha alguma história legal relacionada com algum filme, envie para [email protected] com o assunto “Histórias de Cinema”.