Histórias de Cinema: Batman – O Retorno

A coluna Histórias de Cinema é uma visita ao passado com os nossos escritores relembrando como foi a experiência de assistir a determinadas obras. Caso você queira participar, veja como no final do texto!

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Às vezes é melhor contar as coisas exatamente a partir do momento em que aconteceram. Adoro cronologias não lineares, só que é interessante adotar uma metodologia de trabalho diferente e que vá retratando os momentos especiais na ordem em que aconteceram.

Nesse caso, por quê não iniciar essa coluna justamente com o primeiro filme a que assisti nos cinemas? Até onde me lembro, Batman – O Retorno também é uma das primeiras lembranças que tenho de ter assistido a algum longa-metragem. Por isso, com justiça, digo que minha iniciação na sétima arte foi justamente com Tim Burton e sua visão para o Homem-Morcego.

Em 1992, com meus sete anos de idade, tudo era uma grande festa. Minha avó Irene e minha tia Ilaine me buscaram na escola num belo dia e fomos para o BH Shopping (numa época em que existiam apenas três salas de cinema no shopping) assistir ao longa. Como disse, era tudo uma grande novidade. Eu já sabia ler, claro, mas um filme legendado era um desafio que teve que ser superado com a ajuda da minha avó, que de vez em quando explicava algo que eu tinha perdido.

Seria uma mentira tremenda dizer que lembro exatamente como me sentia ao ver o Pinguim, a Mulher-Gato e o próprio Batman em ação pela primeira vez dentro daquela sala gigante. Até me assusto em constatar que já fui inocente ao ponto de não subir pelas paredes com aquela cena da Mulher-Gato lambendo o morcegão. Acho que ri com carinha de nojo. “Eca! Ela lambeu ele, vó!“, alguma coisa assim. Como as coisas mudam, né?

A única coisa que lembro perfeitamente é que passei o filme inteiro sendo chutado por alguém que estava atrás de mim. No dia seguinte, na escola, a loirinha que eu tinha interesses em andar de mãos dadas disse que tinha ido ver Batman. Respondi: “Eu também!!!”, dando aquele sorrisão imenso de quem acha algo em comum com alguma pessoa querida, e continuei: “Mas tinha alguém chato atrás de mim me chutando o tempo inteiro!“. O sorriso que ela levava no rosto desapareceu quando revelou que era ela. E pela primeira vez na vida senti aquela pressão no peito que aparece todas as vezes que acontece algo ruim.

E foi assim que minha vida no cinema começou.

A coluna Histórias de Cinema é colaborativa e o espaço está aberto para os nossos leitores. Caso você tenha alguma história legal relacionada com algum filme, envie para [email protected] com o assunto “Histórias de Cinema”.