Ensaio Sobre a Cegueira

“Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara.” (Livro dos Conselhos)

Adaptação do livro homônimo de José Saramago e dirigido por Fernando Meirelles. Tem no elenco Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover, Alice Braga e Gael García Bernal.

José Saramago é um famoso escritor português. Talvez sua fama seja a de um escritor difícil de ler, com romances sem travessão e com uma pontuação peculiar, e períodos e parágrafos extensos. Ou sua fama seja a de um dos maiores romancistas da atualidade. Por Ensaio Sobre a Cegueira, ganhou o Prêmio Nobel em 1998. Escreveu polêmicas, como O Evangelho Segundo Jesus Cristo, e obras-primas, como Memorial do Convento e Todos os Nomes.

Em Ensaio Sobre a Cegueira, uma misteriosa praga surge do nada, e fica conhecida como cegueira branca – os infectados alegam a existência de um mar de leite. Aos poucos ela se espalha pelo país, até o governo tomar a iniciativa de colocá-los em quarentena.

“O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos, Quem está a falar, perguntou o médico, Um cego, respondeu a voz, só um cego, é o que temos aqui. Então perguntou o velho da venda preta, Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira. Ninguém lhe soube responder.”

O filme é perturbador, incômodo. Fernando Meirelles consegue traduzir o desespero do livro para a telona com uma fidelidade crua. Cenas desfocadas, melancólicas, brancas. A personagem de Julianne Moore encarando essa realidade frente a frente, a dura e implacável luta pela sobrevivência, onde todos são cegos, e não humanos… Lindo. Ainda assim, o livro é melhor.

Vale 4 caipirinhas.