A Viagem de Chihiro


A VIAGEM DE CHIHIRO FOI O PRIMEIRO FILME DE HAYAO MIYAZAKI QUE VI. Assisti aos 14 anos e me apaixonei. É a história de uma menina chamada Chihiro, que está se mudando com os pais para uma nova cidade. Emburrada e ranzinza, já no início do filme vemos que ela não está feliz com a situação e sente saudades da casa antiga. A família entra numa pequena estrada que leva a um túnel. Eles o atravessam a pé e chegam num vilarejo abandonado contra a vontade de Chihiro, que está morrendo de medo. Ao verem abundância de comida numa barraca, os pais se sentam para comer e são transformados em (adivinhem só!)… porcos!

Daí pra frente a coisa fica cada vez mais bizarra e surreal, com seres míticos e mágicos para tudo quanto é lado, e Chihiro indo parar numa casa de banho muito peculiar. Dragões, monstros, deuses, sapos falantes e bruxas-corvo, tem de tudo nesse filme: você só tem que escolher de qual gostará mais. Enquanto tenta voltar para casa e salvar seus pais, Chihiro faz uma espécie de “wanderslust” e acaba descobrindo mais sobre si mesma e sobre o amor. É uma jornada de escapismo e magia contagiante, um retorno à infância que nunca sai das nossas cabeças mas que a gente insiste em trancafiar.

A riqueza em detalhes e cores – a arte dos cenários é fantástica e não esquece nada! A luz, os objetos, as rachaduras na parede, os quadros, o brilho do piso! -, a movimentação dos personagens e a grandiosidade da produção são de babar. O céu em chamas, a paisagem no topo da colina, o céu noturno do vilarejo iluminado por lampiões… tudo é lindo e surreal. É um estilo diferente das consagradas animações comerciais que vemos no cinema. O Japão tem seu próprio ritmo, e Miyazaki é o maior de todos os maestros.

A Viagem de Chihiro lembra fortemente Alice no País das Maravilhas (e o dragão branco lembra muito o Falkor de A História Sem Fim), mas o filme é fas-ci-nan-te! É para todas as idades, mas vai além do gênero “família”. É tão doce e profundo quanto assustador, em certa medida. Foi, definitivamente, uma das maiores experiências cinematográficas de animação que tive na vida e certamente abriu minha mente para um mundo além, me fazendo procurar por animações antigas e de muitos outros países. Foi o primeiro anime a ser indicado e a ganhar o Oscar de Melhor Animação de 2002. Prêmio verdadeiramente merecido.

Título original: Sen to Chihiro no kamikakushi
Direção: Hayao Miyazaki
Produção: Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma
Roteiro: Hayao Miyazaki
Elenco: Rumi Hiiragi, Miyu Irino, Mari Natsuki, Takashi Naitô, Bunta Sugawara, Yasuko Sawaguchi
Lançamento: 18 de julho de 2003 (Brasil)
Nota:[cinco]