O Aviador

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MARTIN SCORSESE É MEU DIRETOR FAVORITO da minha fase favorita do Cinema (Nova Hollywood). Na verdade, ele é o meu cineasta favorito entre todos os outros. Gosto muito das temáticas que ele aborda e da maneira com que ele as trabalha. Sem contar que o sobrancelhudo é um profundo conhecedor do Cinema e isso se reflete na sua capacidade de contar histórias com seus filmes – e de usar um brilhantismo técnico para isso.

O Aviador é um impressionante, a obra consegue equilibrar toda a grandeza e ambição do personagem principal com a sua doença. O protagonista, Howard Hughes (interpretado por Leonardo DiCaprio) é um milionário excêntrico com transtorno obsessivo-compulsivo. Depois de ganhar a herança milionária dos pais, ele se aventura em Hollywood para produzir Hell’s Angels, um filme de aviões da primeira guerra. O cara também virou um magnata da aviação e bateu recorde de velocidade na época. O longa aborda toda a fama e sucesso que Hughes teve em vida e acaba sabiamente antes da fase mais sombria da vida dele.

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Uma das coisas mais legais do longa é a forma que ele retrata a Hollywood da época, todo o glamour daquela época, todo o charme e tudo mais. A produção aborda também o moralismo da época (que ainda é bem forte hoje em dia), em uma sequência genial na qual um meteorologista justifica os decotes de um filme.

Uma das formas que o Scorsese usa para homenagear o Cinema está no magnífico esquema de cores da obra, emulando o sistema de cores vigente na época em que o filme se passa. Primeiro ele simula um technicolor de duas cores, que tende para o azul (observe a forma em que o gramado de um campo de golfe aparenta ser completamente azul, ou as ervilhas de uma refeição) e depois para um Technicolor de três cores. É bem interessante observar o verde que surge em determinado momento da obra, já que no sistema anterior ele não era possível. Uma maravilhosa homenagem.

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As atuações do longa-metragem não pecam também, com um personagem tão excêntrico, o DiCaprio poderia facilmente se entregar à uma atuação carregada e artificial, o que não ocorre, ele constrói o personagem com uma certa sutileza e sensibilidade. Ao invés de criar uma caricatura, o ator cria um personagem humano, o que é essencial para o sucesso da produção. As outras atuações são fantásticas também, como Cate Blanchet e sua fantástica Katherine Hepburn, que teve um relacionamento com o milionário. O John C. Reilly faz um ótimo Noah Dietrich, que era o braço direito de Hughes e que entende as suas peculiaridades e lida muito bastante cuidado com elas, reparem em uma cena em que ele isola o personagem de DiCaprio para ninguém vê-lo durante uma crise.

O roteiro de John Logan é hábil ao lidar com diversos períodos da vida de Hughes sem soar episódico e ao humaniza-lo, o espírito ambicioso e toda a vitalidade do personagem são essenciais para a obra. Pois antes de ser um obsessivo, Hughes era um visionário.

O Aviador é um filme grandioso e seu sucesso do filme vem principalmente por saber equilibrar os elementos excêntricos de seu personagem com sua vitalidade. Nada disso seria possível sem as ótimas atuações e a magnífica direção. Mais uma obra-prima para a filmografia de Martin Scorsese.

 

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Nota:[cinco]