Casino Jack

Brilhante, carismático, intrigante e peculiar, Kevin Spacey retorna ao grande circuito de filmes melhor do que nunca. O ator vive o lobista americano Jack Abramoff que foi preso em 2006 pela hipócrita justificativa de fazer muito Lobby. O cara já é uma figura e quando encarnado por Kevin Spacey fica mais incrível ainda. É daqueles personagens que roubam a cena o filme todo, não deixando espaço pra mais ninguém. Realmente uma figura.
O filme narra a ascenção e decadência de Jack Abramoff no caso dos lobistas americanos que explodiu em 2003, que foi completamente ignorado pelo exterior e até boa parte da população americana, devido à Bush abafar o caso e focar na então “guerra ao terror”. Mas a verdade é que lobistas sempre existiram e continuarão a existir, só que tem desses casos, quando alguém cresce o olho de mais, mete os pés pelas mãos e joga merda no ventilador. Para exemplificar melhor temos o clássico caso de Marcos Valério e o mensalão aqui no Brasil. Então, o caso do Jack é parecido, só que acredite, em uma dimensão muito maior.
Hickenlooper era conhecido pelo seu engajamento social/político e por já ter dirigido alguns ótimos documentários como “Town Mayor of the Sunset Strip” sobre o empresário Rodney Bingenheimer (Oasis, Coldplay e Bowie) e “Speechless” que foi super badalado na greve dos roteiristas por mostrar o apoio de alguns atores à causa. Infelizmente em outubro do ano passado o diretor faleceu (com certeza será lembrado no cemitério do Oscar), e até por isso o filme ficou com uma agenda de lançamento meio bagunçada, sem muita divulgação, mas com certeza vale apena conferir.
Mas se você é daqueles que acha o assunto política chato e desinteressante, pode ficar sossegado que o filme passa longe do estereótipo documentário. A obra foca muito mais na figura do Jack e como ele fazia de tudo para se dar bem às custas de suas “intervenções políticas”. O filme começa cobrindo um trabalho que Jack tinha para fazer com algumas tribos indígenas no Havaí, por um lado assegurar que parlamentares não votassem a emenda de salário mínimo para lá e por outro assegurar que não houvesse outra empresa concorrente à que lhe fornecia dinheiro.

A partir de então é muito engraçado de observar como as coisas são feitas, como um lobista ferra com o outro expondo suas negociatas, como Jack e seu parceiro, Michael Scanlon, vibram a cada perna passada, como vivem suas vidas de luxo… Porém a coisa começa a ficar cinza quando Jack é vencido pelo seu ego, e quer por que quer a fama de maior lobista de Washington D.C.. Para isso além de expor sua figura ao extremo, em revistas e jornais, ele entra em um grande esquema de Compra de navios de cruzeiro em Miami. Para isso ele usa um laranja dono de uma loja de colchões Adam Kidan (ótima performance de Jon Lovitz), que é muito atrapalhado e sem classe alguma acaba metendo os pés pelas mãos e pondo todo plano a perder.
Cada fala, cada gesto, cada expressão de Kevin no filme é muito marcante. Quando as coisa começam a dar errado então, aí que ele fica mais a flor-da-pele ainda e transparece mais seus estereótipos. Para um lobista que vivia citando grandes nomes do cinema e sonhava estar em um filme, ter Kevin Spacey o interpretando nas telonas, justo no ano em que saiu da cadeia, até que não é mal negócio. Pelo ótimo roteiro e pela incrível atuação de Kevin Spacey, Cassino Jack merece quatro caipirinhas. E deixo já exposta minha grande torcida pela indicação do Kevin ao Oscar.
Direção: George Hickenlooper
Roteiro: Norman Snider
Elenco: Kevin Spacey
Barry Pepper
Kelly Preston
e Jon Lovitz
Ano: 2010
Duração: 1h e 43 min