MIB³ – Homens de Preto 3

VOCÊ PERCEBE QUE O TEMPO ESTÁ PASSANDO QUANDO SE PASSAM 15 ANOS DE UM FILME QUE VOCÊ LEMBRA DE TER ASSISTIDO NO CINEMA “ONTEM”. A situação fica ainda pior quando Homens de Preto 3 se destaca pelo mesmo clima de nostalgia apresentado em American Pie: O Reencontro, que chegou aos cinemas recentemente. Ao contrário da comédia (não mais tão) adolescente estrelada por Jason Biggs e Seann William Scott, o novo exemplar de um dos maiores sucessos dos anos 90 possui outros atrativos, além de agradar aos fãs mais “antigos”.

Barry Sonnenfeld, Will Smith e Tommy Lee Jones retornam no terceiro filme e nem foi preciso muito esforço para apagar da memória a traumatizante segunda parte. Aliás, preciso admitir que só me recordo de uma mulher de roupa preta colante (ui) andando pela base dos Homens de Preto. O resto felizmente foi apagado da minha memória e pelo menos nesse caso, tenho certeza que não foi por conta dos excessos etílicos ou por brincar com o neuralizador de Smith. Eita, acho que isso não pegou bem. Enfim, não importa. Nietzsche afirmava que o lado bom de ter uma memória ruim era que tudo soaria como uma grande novidade, mas é certo que MIB 2 não é algo que eu (e muitas outras pessoas) queira lembrar. Apenas a introdução do curioso vilão Boris, o Animal (Jemaine Clement) já vale o ingresso. O personagem é um prato cheio para os fãs e diverte por conseguir combinar toda a sua crueldade com o humor do roteiro sem ficar parecendo um banana.

O grande plano do vilão é voltar ao passado e matar o agente K (Jones). Quando isso acontece, J (Smith) é obrigado a encontrar uma maneira de impedir que o seu parceiro seja assassinado e vai parar no ano de 1969, mais precisamente na época em que o homem estava prestes a ir até a lua e que Andy Warhol (Bill Hader) era sinônimo do hype. É inevitável que J cruze o caminho de um jovem e bem humorado agente K (Josh Brolin) e passe por situações hilárias enquanto tenta se acostumar com as diferenças tecnológicas e capturar Boris.

Se a atuação de Jones deixa no ar a impressão de que o ator está de saco cheio daquilo tudo, Brolin consegue fazer um belo trabalho imitando os trejeitos de Jones com perfeição, embora perca a mão em algumas cenas (como as que dirige o carro e tenta forçar a barra fazendo a mesma expressão rabugenta de K). Smith parece uma metralhadora de piadas, com algumas tiradas espirituosas e que provavelmente arrancarão no mínimo um sorriso do espectador.

Homens de Preto 3 passou pelo polêmico processo de conversão para o 3D, o que só é explicado como uma tentativa de arrecadar mais em cima da obra. Curiosamente, a conversão não parecia tão óbvia, como nas cenas da prisão na Lua, mas que mesmo assim ainda eram insuficientes para tornar o efeito indispensável para apreciar a nova aventura dos agentes da MIB. Os efeitos CGI ficaram bem interessantes, especialmente na sequência em que os personagens visitam um restaurante e encontram um peixinho com dentes enormes.

Ainda que seja bonito, o roteiro utiliza um recurso que pode incomodar parte do público mais exigente. É sempre muito legal quando um longa-metragem consegue conectar seu final com o começo, mas é extremamente desagradável quando isso significa modificar parte (ou quase tudo) do que já havia sido apresentado no filme original. A apresentação de J no filme de 1997 era interessante e satisfatória o suficiente para dispensar qualquer surpresa no futuro, mas quando se trata de um filme que trabalha justamente com viagens no tempo, acaba sendo inevitável que algo novo seja adicionado. Repito que foi uma bela maneira de se encerrar a trama, mas que me desagradou por adicionar “detalhes” para algo que já era bom. Não que isso comprometa todos os bons (e maus) momentos de Homens de Preto 3, que se sustenta (novamente) pelo carisma de seus atores e a química eficiente entre a dupla J e as versões do passado e do presente de K.


Nota: