Filme: Caçadores de Emoção – Além do Limite

Remake de Caçadores de Emoção ganha novo trailer

O título faz jus ao filme. E como! Em Caçadores de Emoção – Além do Limite (Point Break, EUA, 2016), a adrenalina está presente o tempo todo, por meio dos esportes radicais mais emocionantes do mundo. Faltou química e um Johnny Utah cativante, mas, para quem busca ação, o filme atende às expectativas; imagine o original de 1991, só que mil vezes mais eletrizante e com um roteiro que vai muito além de surfe e crimes.

Utah (Luke Bracey) é um poliatleta que vê o melhor amigo morrer durante uma de suas aventuras e decide juntar-se à polícia anos depois. Por causa de seus conhecimentos esportivos, ele consegue identificar um padrão nos crimes de uma gangue de criminosos e acaba se envolvendo até demais com os mesmos; a ponto de tonar-se amigo deles e esquecer de seu trabalho.

Com uma fotografia escura e tomadas incríveis dos desafios realizados pelos personagens, a produção se destaca pela capacidade de nos envolver com aquele mundo louco, mas belíssimo. Graças à Bodhi (Edgar Ramirez), conseguimos entender o prazer que ele e os amigos encontram nas coisas absurdas que fazem – absurdas no sentido de arriscar a vida o tempo todo – e o porquê de suas atitudes ilegais. Eles são uma mistura de Robin Hood e admiradores da natureza, querendo ajudar os pobres e ficarem cada vez mais próximos do meio ambiente. Em alguns momentos, por mais emocionante e duro que seja ver as perdas, é quase impossível não notar a grandeza do que está à volta dos personagens.

Acho que essa dinâmica X-Games funciona muito bem na produção de 105 milhões de dólares e o dinheiro foi muito bem gasto. Não temos aqui apenas surfistas; Bodhi, Utah, Chowder (Tobias Santelmann), Grommet (Matias Varela) e Roach (Clemes Schick) praticam os mais variados esportes radicais, nas mais diversas superfícies: snowboard, motocross, salto de paraquedas e muitos outros. Acompanhar suas missões é aterrorizante e contagiante, depende qual o seu nível de aflição em relação a esses esportes. Em uma cena, por exemplo, vemos eles escalarem um enorme pico sem nenhum tipo de proteção, usando apenas as mãos, pés e uma leitura detalhada das rochas à sua frente. Chega a lembrar a sequência do salto de paraquedas de 1991.

A história por trás de tudo chega a ser interessante, pois envolve mais a ligação dos antagonistas com a natureza em si do que com crimes. Até o terceiro ato, o que mais vemos, de longe, são diálogos e atitudes que mostram a paixão deles pelo planeta e o que ele nos oferece e possibilita fazer. É como se o objetivo deles fosse uma espécie de mantra e eles são tão cegos por essa ideologia que não têm mais limites sobre suas atitudes; acabam sendo maquiavélicos no fim das contas.

O problema de Caçadores de Emoção está na relação principal do filme, basicamente a única coisa do filme original que foi mantida. Ramirez está excelente como Bodhi e suas cenas são impecáveis, mas seu parceiro não chega nem perto. Bracey pode ter o apelo visual que Keanu Reeves tinha, mas não tem o talento. Para um papel marcante como o de Utah, era preciso um ator com presença na tela, que soubesse incorporar a personalidade do jovem policial. Infelizmente, o escolhido não tem nada disso, o que acaba atrapalhando sua química com Ramirez. O laço que era para ser extremamente forte não tem poder algum e não nos convence; isso era primordial para que o filme funcionasse, já que o foco é a conexão entre os dois protagonistas.

Li recentemente uma matéria dizendo que Caçadores de Emoção era um remake que ninguém estava pedindo e mesmo assim fizeram. Realmente, não precisava, mas já que fizeram, admito não deixa de ser um bom entretenimento para quem busca sentir vibrações intensas.