Filme: Straight Outta Compton – A História do NWA

A historia do NWA critica

Talvez o NWA não seja tão popular aqui no Brasil para o público em geral, mas ele pode ficar mais famoso depois da estreia de Straight Outta Compton – A História do NWA. Com o objetivo de contar a história da formação da banda e o que aconteceu com seus integrantes depois da separação, o filme de F. Gary Gray é uma interpretação eletrizante e emocionante das vidas de Ice Cube, Dr. Dre e Eazy-E. Até quem é não é fã de rap pode se apaixonar vendo o longa.

Apesar do NWA ter sido formado por cinco artistas, o foco maior do roteiro é em Ice Cube (O’Shea Jackson Jr, filho do verdadeiro rapper), Dr. Dre (Corey Hawkins) e Eazy-E (Jason Mitchell). As primeiras cenas nos contextualizam sobre as vidas de cada um deles, como o relacionamento com a família, conflitos com a polícia e a paixão pela música. DJ Yella (Neil Brown Jr) e MC Ren (Aldis Hodge) também aparecem, mas com uma atenção menor. A participação do empresário Jerry Heller (Paul Giamatti), por outro lado, é essencial aqui, do início ao fim.

O período englobado pela adaptação vai de 1986 a 1996, ou seja, o começo, o término do grupo, a morte de Eazy-E e a criação da gravadora Aftermath. Os detalhes dos problemas com drogas, polícia e dinheiro são destaques, ao lado da música, é claro. Temos uma grande exploração do preconceito com os jovens por serem negros, a violência em torno deles na cidade de Compton e como isso reflete nas suas composições e comportamento.

Em uma cena, por exemplo, policiais param o carro e mandam eles deitarem no chão sem nenhum motivo, em frente a um estúdio de gravação em Torrance. Isso realmente aconteceu, apesar de não ter sido o motivo de Cube ter escrito “F*** The Police” (a faixa já estava sendo trabalhada por ele há mais tempo). E eles foram presos por terem cantado a canção em um show em Detroit, mesmo com uma adaptação exagerada de como tudo aconteceu no filme. Tem que dramatizar, é claro.

As festas, mulheres e brigas por causa de contrato são constantes na tela também. Quanto maior a fama e quantidade de shows, mais grana para o NWA e mais bagunça e confusão na vida pessoal deles e na harmonia da banda. Cube percebe que não está recebendo o que deveria e deixa os amigos, seguido de Dr. Dre. A tensão entre eles e Eazy-E aumenta consideravelmente, a ponto de lançarem músicas sobre isso e passarem muito tempo sem qualquer contato. As complicações no pós-NWA também continuam, deixo claro. Dr. Dre tem problemas com o violento Suge Kinight (R. Marcos Taylor), enquanto Cube quebra o escritório da Priority Records com tacos de beisebol por não receber o dinheiro prometido a ele.

A figura de Heller, inicialmente, é de um empresário que quer ajudá-los, mas ele acaba virando o maior vilão da história. Não como um homem maligno nem nada, mas como um homem que ganha dinheiro em cima do NWA e não passa para os integrantes o valor que eles merecem, com exceção de Eazy-E, com quem tinha uma relação forte de confiança e amizade.

Além da intensa realidade dos bastidores, um ponto forte de Compton é a música. A maneira como Gray nos insere nos shows do NWA e como a banda transformou o cenário musical com seu primeiro disco é contagiante. Eu, que não vou em shows de rap, fiquei com vontade de ir conferir um por causa do filme; é impressionante como do diretor consegue nos transmitir o clima elétrico das performances dos caras nos EUA. O processo de gravação das faixas deles e até mesmo em suas carreiras solo é bem retratado e nos envolve facilmente com a história.

Elogios de sobra ao elenco. É claro que Hawkins, Mitchell (suas últimas cenas no hospital são brilhantes), Jackson Jr. e Giamatti têm mais chance de chamar a atenção, pois aparecem em mais cenas e têm vários diálogos no decorrer do longa. Mas os demais coadjuvantes também estão ótimos, especialmente Taylor. O ar pesado que ele deu a Knight é aterrorizante em alguns momentos.

Quando foi lançado nos EUA e se tornou um sucesso imediato nas bilheterias e entre os críticos, Straight Outta Compton já havia aumentado o meu interesse para conferi-lo nos cinemas. Depois que o assisti, confirmo tudo o que foi dito de positivo em relação ao filme até agora. Temos um filme cheio de paixão, emoções e um enredo cativante sobre o NWA.