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Crítica: Guerra Fria (2018)

melhores filmes de drama de 2018 - cold warO CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A Crítica do filme Guerra Fria possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação.

GUERRA FRIA É UM DOS FORTES CANDIDATOS A TENTAR AMEAÇAR ROMA ENTRE OS FILMES INDICADOS AO OSCAR 2019 DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO.

Sinceramente, não vejo grandes chances dessa zebra acontecer, mas por outro lado, caso aconteça, é preciso admitir que o careca dourado estará em boas mãos.

Dirigido por Pawel Pawlikowski, que também recebeu uma merecida indicação ao prêmio de Melhor Diretor, Guerra Fria apresenta a história de um casal chamado Zula e Wiktor, que possuem diferenças gritantes tanto na idade quanto na forma de pensar e encarar o mundo.

Com uma narrativa fragmentada que mostra recortes de momentos do casal desde o momento em que se conhecem e começam uma relação amorosa até o exílio na França, Guerra Fria possui como principal mérito a condução do seu diretor. Ele não deixa o seu público se envolver mais que o suficiente com seus personagens, pois não parece ser seu objetivo quebrar a frieza e distanciamento que ambos demonstram em relação a vida.

É irônico, já que o casal vive altos e baixos, numa relação marcada pelas suas grandes diferenças.

O fragmento final não é tão claro, mas imagino que após Wiktor viver anos como prisioneiro e ter seus dedos quebrados começa a ser uma sombra do homem que costumava ser. Ele reencontra Zula numa apresentação. Ela demonstra cansaço e indiferença com a própria família, pois ao ver seu grande amor apenas pede que ele a leve embora. Esse pedido dialoga com a cena em que Zula visita Wiktor na prisão e diz que irá dar um jeito de tirá-lo de lá.

Já nos minutos finais, durante o último fragmento narrativo, o casal improvisa os votos de um casamento e toma pílulas numa possível alusão a suicídio.

A última fala de Guerra Fria é “a vista é muito mais bonita do outro lado”, o que deixa a gente arrepiado pela quantidade de significados que conseguimos tirar dessa frase. É um comentário que indica a esperança de ter paz na morte. Existe muita beleza nesse momento especial e tristeza também, pois é como o casal só conseguisse paz assim depois de todos os anos lutando.

Em apenas 89 minutos, Pawlikowski conta uma história profunda sem nunca necessariamente se aprofundar em detalhar a vida dos seus protagonistas. Guerra Fria é uma obra cheia de sutilezas e mostra sem enrolações que é possível falar de política e amor de forma prática e objetiva para encantar os cinéfilos apaixonados por esses temas.