Incontrolável

Da mesma forma que seu irmão Ridley tem uma queda por épicos e pelo ator Russel Crowe, o diretor Tony Scott parece gostar de trens e de poder contar sempre com o astro Denzel Washington em seus filmes. Já foram cinco parcerias (incluindo O Sequestro do Metrô 123) consolidando a dobradinha, que sempre rende boas bilheterias e às vezes, bons filmes. Incontrolável, felizmente, apesar de todos os seus (vários) defeitos, é um bom filme.

Baseado numa história verídica, Incontrolável é estrelado por Denzel Washington e Chris Pine, que interpretam personagens completamente distintos. Enquanto Frank Barnes (Washington) é um veterano da vida nos trilhos, Will Gordon (Pine) é um dos vários novatos que estão sendo empregados e “roubando” o emprego dos funcionários mais antigos. Desde o primeiro momento, o clima entre os personagens é pesado e apenas o bom humor e serenidade de Barnes conseguem evitar um confronto. Em comum os dois personagens só tem uma coisa: o amor pela família. Justamente esse amor que vai colocá-los frente a frente com um trem desgovernado que carrega diversos produtos tóxicos e que pode explodir a qualquer momento. Incontrolável é, assim como inúmeros outros longas norte-americanos, mais uma demonstração do heroísmo dos ianques. Homens imperfeitos, mas destemidos o suficiente para colocarem a própria vida em risco para salvar a de milhares de inocentes.

Com boas atuações do elenco de apoio, principalmente quando Rosário Dawson está em cena, a dupla principal consegue evocar as lembranças de outras duplas memoráveis do cinema. O apelo cômico contido dos personagens dos filmes de Tony Scott (exceção de Amor à Queima Roupa, que é o seu melhor filme) deixa um pouco a desejar e reduz o brilho de Denzel Washington, que mais uma vez se repete em cena. Seu Frank Barnes é muito parecido com Walter Garber (do Sequestro do Metro 123) da mesma forma que os personagens de Chamas da Vingança e Deja Vu se pareciam. Tony Scott se repete mais uma vez e acaba preso em suas limitações, mesmo se tratando de um filme que mistura Titanic com Velocidade Máxima.

Incontrolável consegue prender a atenção do espectador e até mesmo o faz ficar apreensivo à medida em que o desfecho da história vai se aproximando e o trem desgovernado parece prestes a descarrilar e matar boa parte da população de uma cidadezinha. Porém a emoção não chega a ser alucinante, e o ritmo paisagístico como o filme é conduzido acaba minando um pouco da ação e empolgação no resultado final. Ainda que abuse dos lugares comuns e de um certo excesso de superficialidade, Incontrolável diverte o público fã de aventuras da vida real.