Crítica: O Demônio das Onze Horas (1965)
Godard é um mestre artístico que inovou em diversos aspectos técnicos e possibilitou que o cinema pudesse se renovar. Este gênio é o “filósofo da Sétima Arte”. Quando os filmes caminhavam tradicionalmente por uma estrada específica, Godard, junto com outros diretores, apostaram e empenharam-se em arquitetar uma nova linguagem fílmica que se desvinculasse dos paradigmas que, até então, faziam-se presentes. Resumidamente, foi assim que surgiu a Nouvelle Vague, um dos movimentos artísticos de maior importância para o cinema. Este breve esclarecimento é necessário pelo fato de que o filme ao qual este texto refere-se (O Demônio Das Onze Horas) é um dos retratos clássicos do referido movimento cinematográfico.
Portanto, após ou antes de assisti-lo estas informações tornam-se válidas e podem ajudar a esclarecer possíveis dúvidas, ou até a mesmo a munir intelectualmente o espectador, levando-o a ter uma compreensão mais ampla do filme.

Este é desfecho ousado que formula o restante do filme. Depois deste início, os personagens aventuram-se levando uma vida sem grandes apegos com nada, e na qual envolvem-se em diversos furtos, além de cometer vários crimes. As sequência de cenas é pouco linear e quase repetitiva, sendo este fato uma experimentação proposital do diretor para tentar estabelecer uma nova maneira de se fazer cinema. Ou seja, essa sutil fuga da direção convencional e repetição de cenas não são defeitos, mas sim propostas artísticas. Além disso, outro aspecto que chama a atenção, é a intensidade pela qual o caráter psicológico dos personagens é explorado de maneira profunda, sendo que sentimentos e emoções são constantemente expostos no texto do roteiro e nas expressões dos atores, e suas falas carregam um toque poético que as torna bela, ao mesmo tempo em que afrontam o espectador por possuírem uma tonalidade filosófica.