O Vencedor

Por quantos obsáculos um atleta deve passar antes de chegar à tão sonhada vitória? Por quantas pessoas que o desacreditam ele deve passar? E se o principal inimigo forem exatamente seus aliados? E se o seu melhor amigo e irmão fosse a toxina que o destrói? Pois é, esses são todos os obstáculos enfrentados por Micky nessa sua jornada pelo sucesso. David O. Russell acertou em cheio, e dessa leva de indicados nos trouxe o que acredito ser o filme com mais cara de Oscar entre todos, pela fotografia, pelo roteiro “super americano”, e pelas incríveis atuações individuais.
Uma mãe super-protetora e atrapalhada, Uma namorada briguenta e que não se dá bem com sua família, um bando de irmãs defensoras e principalmente um irmão que constantemente o ofusca. Esses são alguns dos ingredientes incluídos pelo diretor nessa história que não é de luta, mas sim de convivência familiar, retrato de relacionamentos daninhos e de superação do stress mental. Com Aronofsky (Cisne Negro) na produção, o filme lembra em algumas coisas “O Lutador”, e após quatro anos de preparação eles conseguiram um resultado bem bacana.

Baseado em fatos reais, O Vencedor conta as história do lutador “Irish” (que os fãs de boxe consideram lendário), e sua luta para chegar ao título. O filme é um projeto pessoal de Mark Wahlberg, que identifica muitas semelhanças entre a sua história e a do lutador, e passou alguns anos se preparando fisicamente para o filme. Deixo aqui bem claro que Wahlberg é altamente dispensável no filme e que poderia muito bem ter ficado só na produção do longa. O ator com sua péssima atuação, levou um filme que poderia ser incrível a condição de apenas mediano. Wahlberg nunca convenceu como ator e continuará a ser blockbuster eternamente.
Mas se o ator principal deixa a desejar, Christian Bale dá um espetáculo de atuação. Envelhecido e bem mais magro o ator se mostra incrível na pele do irmão holofote. Dickie Eklund é o tipo de pessoa que ninguém gostaria de ter como irmão, ex-lutador vencido pelo vício do crack Dickie dedica seus dias à treinar o irmão, ou como percebemos atrapalhar o mesmo. Dickie é o famoso sem noção, carismático e divertido, ele não percebe em momento algum que suas atitudes só ofuscam e tiram a confiança de seu irmão mais novo. E é impressionante como Bale encarna a pele do personagem, o sotaque, os trejeitos, a postura, enfim, ele está realmente incrível.

Mas Dikie não atua sozinho, para colocar em todos os momentos os pés pelas mãos ele conta com a incrível ajuda de Alice Ward, a mãe dos rapazes, interpretada pela sensacional Melissa Leo. Ela se mete a empresariar o filho mais novo, mas nunca consegue nada interessante, e além disso sempre tira a razão dele e passa panos quentes na cabeça de Dikie. Para completar o time temos a nova namorada de Mickey Ward, a briguenta Charlene, que a princípio parece impulsionar o rapaz, mas logo passa a ser apenas mais uma cobrança, só que do lado contrário. Quem conhece o trabalho da Amy Adams percebe a sua superação para fazer o personagem, perdendo toda a sua docilidade para fazê-lo.

Enfim… O filme é isso. Um mix de grandes atuações, e uma história que realmente tem brilho. Impressionante e cheio de carisma O Vencedor tem cara de filme grande e se não fosse o Mark Whalberg pra estragar, o filme viria como favorito. Um filme que tinha tudo pra ganhar o Oscar… Se o personagem central fosse o outro irmão. São 4 caipirinhas para O Vencedor.

Direção: David O. Russell

Roteiro: Scott Silver
Paul Tamasy
Eric Johnson

Elenco: Mark Wahlberg
Amy Adams
Melissa Leo
e Christian Bale

Ano: 2010

Duração: 1h e 55min.