Prometheus

Prometheus

DE TODOS OS DETALHES QUE DESPERTAM MAIS A CURIOSIDADE EM TORNO DE PROMETHEUS, se destaca o fato de que é a primeira vez que Ridley Scott dirige um sci-fi desde 1982, ano de lançamento do elogiado Blade Runner – O Caçador de Andróides. Desde então ele se dedicou a trabalhar em aventuras, épicos e sobre o amor ao vinho, dentre outros estilos. Mas foi convencido pelo amigo James Cameron que deveria retomar suas origens. E ele levou o conselho tão a sério que entrou de cabeça no tema e oferece ao público uma espécie de pré-sequência do clássico Alien, O Oitavo Passageiro, de 1979, o qual também dirigiu.

Embora tenha uma ligação muito forte com os dois primeiros filmes da franquia Alien, a produção estrelada por Noomi Rapace, Charlize Theron, Idris Elba e Michael Fassbender consegue muito bem se sustentar sozinha. Infelizmente ela cria algumas confusões para a compreensão dos outros filmes, mas os defensores insistem que está tudo bem conectado e que Prometheus responde muitas dúvidas antigas dos fãs da série. A dica é conferir O Oitavo Passageiro e Aliens – O Resgate para ficar com tudo fresquinho na cabeça e poder entender o motivo que levará os admiradores mais antigos a darem gritinhos de empolgação e inclinarem seus corpos para frente, completamente tensos com o que se assiste na tela.

Prometheus conta a história de uma expedição que viaja até um planeta distante para tentar descobrir as origens de nossas vidas. Liderados por Mereditch Vickers (Theron) e auxiliados pelo andróide David (Fassbender), a equipe do casal Elizabeth Shaw (Rapace) e  Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) vai parar em um mundo onde a busca da vida pode representar a morte e um perigo letal para o planeta Terra.

Um dos personagens mais curiosos é o andróide David, que certamente é mais um andróide inesquecível da galeria de Alien. Como se não bastasse ser dissimulado e manipulador, o loiro ainda possui uma certa pegada assexuada, com trejeitos que fazem o espectador se indagar sobre qual seria a provável opção sexual do andróide. Um dos melhores personagens da carreira de Fassbender, que esse ano já foi visto no elogiado drama Shame, no qual foi indicado ao Globo de Ouro. O piloto interpretado por Idris Elba também merece atenção do público. A melhor cena cômica da produção é justamente de um diálogo dele com a frígida personagem de Theron.

Existe uma sequência eletrizante quando Elizabeth corre para tentar encontrar uma forma de sobreviver e se tranca dentro e um equipamento ultra moderno. Ainda que a trilha sonora de Prometheus não se compare ao material de Jerry Goldsmith e James Horner, O Oitavo Passageiro e Aliens – O Resgate, respectivamente, a grande lembrança foi do clima claustrofóbico que o diretor havia utilizado de maneira tão eficiente no passado. Repare em como o foco da câmera no rosto de Rapace prende nossa atenção e no quanto ela lembra a atriz Sigourney Weaver, protagonista dos quatro filmes da franquia. Outro momento marcante, e que também lembra bastante a tensão da conclusão de O Oitavo Passageiro, é na sequência final e na divisão de três acontecimentos ao mesmo tempo.

Prometheus

O efeito 3D encanta os olhos, especialmente na deslumbrante sequência inicial. Durante o filme ele é usado de maneira eficiente, sem tentar roubar a atenção do público ou usar truques baratos e batidos. Para um diretor como Scott, especialista em criar cenas de grande tensão, o efeito virou um bom companheiro, mas que não chega a ser essencial para a completa apreciação do filme, ao contrário do que acontece em A Invenção de Hugo Cabret, por exemplo, que apesar de ser um excelente filme, é muito melhor de ser visto em 3D e nos cinemas, claro. Todo o cuidado da produção com os efeitos especiais (a sequência final envolvendo a nave Prometheus é sensacional) e o visual dos personagens humanos e dos Engenheiros é impecável.

O resumo da obra é o seguinte: Prometheus é o melhor filme de Ridley Scott nos últimos 30 anos e supera Alien 3 e Alien – A Ressurreição, mas ainda perde para os dois primeiros filmes. Independente de ser uma pré-sequência oficial ou não, ele consegue cumprir o seu papel de oferecer uma história com começo, meio e um final que deixa a expectativa de que não demorará muito tempo para assistirmos uma continuação. Os cinéfilos de plantão poderão considerar ver o filme duas vezes, que é o que farei.

Prometheus Poster

ps: as cópias 3D virão acompanhadas de um trecho do filme As Aventuras de Pi, de Ang Lee. Muitos afirmam que o efeito do filme supera o que Martin Scorsese e sua equipe realizaram com A Invenção de Hugo Cabret.

Nota: