11-11-11


FILMES DE TERROR SOBRE O JULGAMENTO FINAL. Filmes de terror sobre números apocalípticos. Filmes de terror que ficam na linha da babaquice com algo que pode ser quase elogiado. Filmes de terror que não assustam. Ok. Alguém consegue listar opções para cada um desses exemplos? Claro que 11 11 11 consegue usar todos esses elementos, o que poderia render algo de qualidade (mas ao mesmo tempo algo extremamente medíocre), mas acaba ficando pelo meio do caminho como um filme de suspense mediano, porém longe de ser um desastre completo.

A obra de Darren Lynn Bousman, conhecido por comandar três filmes da franquia Jogos Mortais (segundo, terceiro e quarto filme), mostrou talento na hora de dirigir o roteiro que ele próprio escreveu. Como suspense, o filme não deixa a desejar. Misturar religião com filmes de terror sempre funciona, pois o medo de lidar com fanáticos religiosos é muito maior do que enfrentar os demônios que vez ou outra resolvem fugir do inferno para nos atormentar. Quando o inimigo tem voz, olhos e carne, as pessoas tendem a se sentir mais ameaçadas do que quando é algo que elas não podem ver ou decifrar (nesse caso, as pessoas costumam se cagar, mas deu para entender o meu ponto). O grande problema é que 11-11-11 chegou aos cinemas como se fosse um filme de terror. Provavelmente será o melhor exemplo do gênero em 2011, apesar de ser um suspense.

Se o personagem principal não oferece carisma ou não consegue convencer o público, metade do filme já se perde. Timothy Gibbs é um ator que convenceria apenas interpretando algum gangster na série Boardwalk Empire ou um publicitário arrogante (olha a redundância, gente!) em Mad Men. Como um escritor que sofre uma grande perda familiar, que acaba resultando na perda completa de sua fé, ele deixa muito a desejar. Talvez tenha sido efeito das cervejas tomadas antes do cinema, mas realmente me pareceu muito forçada a mudança do personagem para alguém que tenha finalmente percebido o seu lugar no mundo. Exatamente o mesmo detalhe que incomodou tanta gente em Thor, quando o herói passa a calçar a sandália da humildade e passear de bermuda pelos bares, sem a menor ponta de orgulho. O que? Isso não aconteceu em Thor? Filme errado. Droga. O que estou querendo dizer é que a personalidade do protagonista mudou drasticamente. Os defensores podem dizer que tudo está justificado na trama, mas eu replico afirmando que a ausência de carisma pode ter cooperado para que ficasse essa impressão de exagero.

Impossível não pensar em À Beira da Loucura, de John Carpenter, produção de terror (essa sim) de 1995, onde Sam Neil interpretava um detetive particular contratado para encontrar um escritor desaparecido. 11-11-11 não chega nem perto do nível de qualidade do trabalho de Carpenter, mas provavelmente deve ter se inspirado muito no longa. Louca Obsessão, de Rob Reiner, é outra produção que recebe uma breve homenagem durante uma das cenas da produção, o que acaba rendendo um dos momentos de alívio cômico do filme de Bousman.

Com uma fotografia bem escura e se apoiando no medo crescente causado apenas pela sugestão de algo maior, 11-11-11 está longe de ser um lixo completo como Apollo 18 ou qualquer outro filme de terror de um grande estúdio, como Casa dos Sonhos ou Não Tenha Medo do Escuro. Com tantas porcarias que acabam assustando pela assombrosa falta de perícia dos diretores em contar suas histórias (isso quando a própria história não é uma merda completa também), Bousman só fracassa na hora de tentar deixar o espectador com medo.

Direção: Darren Lynn Bousman
Roteiro: Darren Lynn Bousman
Elenco:  Timothy Gibbs
Nota: