Despertar dos Mortos


“Quando não houver mais espaço no inferno, os mortos caminharão sobre a terra.”

Assim que o 2T comentou sobre a Semana dos Mortos Vivos, fiquei um pouco relutante, mas topei. Afinal, nada mais divertido do que ver mortos-vivos caminhando pela terra. Fui logo atrás dos clássicos do George Romero, e me deparei com esse belo filme.

Despertar dos Mortos – ou, no original, Dawn Of The Deads – é confuso, sem lógica e sem senso. Tá, você me pergunta, e desde quando filme de zumbi tem alguma coisa além de seres bizarros, burros e famintos por carne humana? Fãs de Romero que me perdoem: zumbis com uma maquiagem branca azulada e seu sangue/tinta? Ah nem. Faltou paciência para terminar as longas 2h19min do filme. Mas é aquela coisa né? A linha que separa o genial do imbecil é muito tênue…

A história – se é que pode se chamar de história – é a seguinte: DO NADA, isso mesmo, exatamente do nada começam a surgir criaturas mortas-vivas, e os especialistas, alarmados, tentam entender o que são, o que fazem, o que querem, e como fazer para sobreviver. A cena inicial é numa rede de TV, onde acontece um debate sobre isso. Os personagens “humanos” se unem e vão para um shopping, onde tentam sobreviver e pensar num plano. O que era uma luta pela sobrevivência, no entanto, acaba se tornando diversão. E talvez agora, depois de assistir ao filme, eu consiga entender um pouco da crítica de Romero. No shopping, os “humanos” se deliciam comprando roupas, alimentos, se divertindo, e vivendo uma vida tranqüila. Crítica ao modo de vida? Enquanto os zumbis se arrastam de um lado para o outro, movidos pelo único instinto que se manteve presente – o da sobrevivência -, os “humanos” vão se transformando, pouco a pouco, em animais, quando, por exemplo, um grupo de “motoqueiros caçadores de zumbi” invadem o shopping e transformam a matança numa brincadeira desgovernada. Sutil e irônico, tenho que admitir.

Apesar de ser cansativo, não ter um roteiro, não ter maquiagem decente e não ser nem um pouco empolgante, Despertar dos Mortos marcou na trilogia de Romero por abrir mão disso para inserir uma metáfora à sociedade da época. E depois dessa, o diretor ganhou o meu respeito!