Dorian Gray @festivaldorio


A primeira vez que tive contato com O Retrato de Dorian Gray, tenho que adimitir foi um fracasso literário. Eu conhecia o livro, mas achava um saco. Tinha algo em torno de 12 anos. Depois eu vi um pseudo – Dorian Gray naquela adaptação de A Liga Extraordinária. E aí eu me interessei de novo pelo livro.
Há pouco tempo, eu comprei um exemplar na coleção de clássicos feita pela Abril, e recomecei a lê-lo, infelizmente a leitura obrigatória da Faculdade e a falta de tempo não me deixaram passar mais do que 2 dias lendo. E lá está ele, empoeirando-se na estante marcado em algum lugar antes das 100 primeiras páginas.
Claro que quando eu soube da adaptação, fiquei feliz. Enfim poderia saber a história toda do cara que é imortal enquanto o seu quadro envelhece… E fui prontamente assistir o filme no Festival do Rio. Para resumir: Ainda quero ler o livro!

Basicamente, a história de Oscar Wilde é sobre um inglês que herda um grande dinheiro e sai do interior para viver em suas ricas posses na Londres vitoriana. Esse inglesinho que dá nome ao título (Interpretado por Ben “Principe Caspian” Barnes) é de uma beleza única que encanta toda a burguesia aparentada dele, entretanto ele acaba por cair no submundo dos prazeres da vida da cidade grande, onde se perde e se corrompe, porém sem aparentar um fio da “sujeira social” em que vive, enquanto o quadro é quem sofre as consequêncais.

Conceituando a Londres Vitoriana, o filme é uma crítica às tentativas da sociedade burguesa de sobreviver da aparência, da beleza, da ostentação em detrimento das necessidades interiores e daquilo que a sociedade nos diz que é bom.
Lord Henry Wotton (Colin Firth, salvando as interpretações) é o aparentado de Dorian responsável pela inserção do jovem “caipira” no mundo do MC Catra (Vai começar a p¨taria!). Pelo outro lado da corda que é a alma de Dorian, está Basil Hallward, amigo íntimo do rapaz que é o responsável pela obra prima que é a pintura do tal retrato imortal do capiroto.

Lendo algumas críticas comparativas, certas coisas parecem perfeitamente adaptadas, como ausências de explicações que o livro também não dá. É claro que toda ausência é premeditada no livro, mas no filme, ficam algumas impressões negativas para aqueles que estão tendo contato com a história pela primeira vez. Para além disso, as interpretações do filme chegam pouco perto do caráter de cada personagem, a forma invasiva que Wilde escreve, que é uma das coisas que os leitores mais admiram na obra, é insuficientemente transmitida, e observando por aí, muita gente sentiu falta de um Dorian que realmente tivesse a evolução do jovem ingênuo a homem corrompido, entre outras coisas, como no livro. Ficou superficial. O ritmo lento do filme também não ajuda. Não que isso seja um defeito principal, o livro também é cansativo (pelo menos pra mim!) mas posso dizer que na metade do filme eu já estava com sono…
Para não dizer que tudo no filme é ruim, os cenários são verdadeiramente bonitos. A Londres suja, corrompida e cinzenta foi perfeitamente retratada, e a trilha sonora não me pareceu ruim também. Os efeitos especiais são ótimos e até me surpreenderam.

Finalizando, o Retrato de Dorian Gray é uma história para além do tem “busca pela imortalidade”, uma crítica que teve de ser adaptada ao público atual, e por isso parece ter se destoado um pouco do livro. Pesquisei que a obra prima de Oscar Wilde também foi parte responsável de sua prisão por “cometer atos imorais com diversos rapazes”, devido ao seu teor despudorado, imoral e de apelo homoerótico, entretanto retirando alguns fatores específicos da época do livro, parece-me que O Retrato de Dorian Gray continua atual e mesmo que o filme não tenha 25% da capacidade de acusar alguém de imoralidade, vale a pena ser visto.
Mas se você tiver o livro, faça um esforço (Não siga o meu exemplo), leia e volte aqui, para comentar!

Ficha Técnica
Direção: Oliver Parker com roteiro de Toby Finlay baseado em obra de Oscar Wilde.
Atores: Colin Firth Ben Barnes, Rebecca Hall, Rachel Hurd-Wood, Emilia Fox, Ben Chaplin.