Crítica: Alien 3


PORRA, DAVID FINCHER! Nem mesmo a sua mãe deve ter ficado orgulhosa depois de assistir ao terceiro filme da franquia Alien. Um subproduto feito sob encomenda dos estúdios. Uma produção mixuruca, mal acabada, completamente inferior ao magnífico trabalho realizado por Ridley Scott e James Cameron nos filmes anteriores. Sem querer comparar Fincher, até então um estreante no mundo do cinema, com os outros dois cineastas, mas Alien 3 precisava mesmo ser tão ruim assim?

Oriundo do mundo dos videoclipes, onde comandou Aerosmith, Madonna, entre outros, Fincher não poderia ter um cartão de visitas pior. No alto de toda minha experiência com copos de cachaça, garrafas de long necks e os mais variados sabores de pipoca (de microondas) disponíveis, acredito que não há absolutamente nenhum traço de tudo aquilo que o cineasta viria a realizar em seus projetos futuros. Na verdade, parece que Fincher ficou tão desapontado com o fracasso retumbante de Alien 3, abandonou o cinema temporariamente até aceitar dirigir Seven. Um dos principais motivos para ausência da assinatura de Fincher estaria na constante intervenção do estúdio, que atrapalhou o desenvolvimento do longa-metragem, que já havia passado por uma confusa etapa de pré-produção, com vários diretores e roteiros transitando até a versão final.

Sem utilizar nada da trilha sonora (que aliás é bem fraca e sem graça, não ajudando a criar tensão em momento algum da trama) criada no filme original e ignorando o suspense e ação que tornaram os dois primeiros filmes tão bons, Alien 3 investe em uma espécie diferente de xenomorfo. Os efeitos especiais capengas deixam extremamente claro que aquela criatura babona é artificial e que os atores estão gritando para o vazio. Mais do que o filme ser fraco, a trilha sonora não agradar, que Sigourney Weaver não apareça tanto de calcinha, o grande problema da produção está nos efeitos visuais e na alteração do inimigo, que parece um rato cabeçudo.

A trama começa com Ripley de camiseta e calcinha toda queimada na beira de uma praia. Mas não se engane, a nossa heroína não foi vítima do sol: a sua nave havia sofrido um acidente e ela teve a “sorte” de escapar apenas com um visual que faria a Maria Cascuda correr o risco de perder o amor do Cascão. Um homem destemido a encontra e a leva para dentro de uma colônia da Companhia Weyland/Yutani. Ao invés de famílias, o local é habitado apenas por homens que cometeram assassinatos, estupros e roubos, até que encontraram Jesus e fizeram um voto celibatário. Claro que a presença de Ripley irá esquentar os hormônios da rapaziada. Na verdade, ela mesma se empolga com a situação de ser desejada por todos aqueles homens fedorentos e resolve se aproveitar do interesse do homem que a resgatou. Pena que o filme não era rated R


Existem alguns momentos em que o filme dá a entender que poderia ter sido melhor: embora seja preenchido com um discurso babaca, a sequência que marca o velório na primeira parte do filme é bem interessante. Ao mesmo tempo em que os corpos dos falecidos são arremessados no fogo, um Alien começa a ganhar vida e “nasce” no exato momento em que o orador faz uma comparação com o desabrochar de uma flor. Outro ponto de destaque é o aparente posicionamento em favor da eutanásia. Alien 3 apresenta o primeiro caso de um robô que prefere morrer do que deixar de ser um modelo top de linha.

Como um “finchelete” e “alienzete”, admito que até Alien x Predador corre o risco de ser mais agradável e divertido que Alien 3, um filme que deveria ser esquecido, ainda que tenha um curioso simbolismo que esteja diretamente relacionado aos elementos criados por Cameron na segunda parte. Como produto de ação, os estúdios cumpriram sua missão de oferecer diversão (moderada) para o público, mas como um filme que deveria dar prosseguimento para um dos maiores clássicos do cinema de horror e ficção-científica, infelizmente deixaram muito a desejar. Pior ainda, deixaram uma grande mancha no currículo de um dos meus cineastas favoritos.

Nota: