Coração Selvagem

Existem pessoas que insistem em dizer que bons atores/diretores garantem o sucesso de um filme. Às vezes é um pouco exagero deixar tudo nas costas de um diretor ou ator e tudo vira um desastre completo. O João, amigo das linhas do Cinema de Buteco, tem uma verdadeira crise de ódio com o sobrinho do poderoso Francis Ford Coppola, o irregular Nicolas Cage. Gostaria de saber o que ele diria depois de assistir Coração Selvagem, longa metragem de 1990 dirigido e roteirizado pelo genial David Lynch.

Sempre fui fã dos filmes do Nicolas Cage, mas devo admitir que nos últimos anos (Adaptação de Spike Jonze; Senhor da Guerra de Andrew Niccol foram exceções) a carreira do cara é digna do seu personagem em Despedida em Las Vegas, o que lhe rendeu o Oscar de melhor ator. Como é que um cara desses aceita participar de O Vidente (aposto que ele queria dar uns pegas na Jessica Biel) ou do sinistro Perigo em Bangkok? Não é nada surpreendente ouvir que a fortuna de Nicolas Cage está “desaparecendo”. Talvez por conta da decaída que existam pessoas como o João, que não conseguem olhar para o ator e sentir simpatia. Como bom fã dos filmes do Nicolas Cage, resolvi dar um empurrãozinho. Se o presente não é nada agradável, vamos embarcar para o passado e conhecer mais sobre Coração Selvagem.

Um dos melhores exemplos do gênero road movie, Coração Selvagem deve ter servido de inspiração para todos os diretores que resolveram se aventurar pelas estradas de Hollywood. Oliver Stone e seu Assassinos por Natureza, se enquadra no perfil. Principalmente por também contar a história de um casal, tudo bem que o casal está mais para Bonnie e Clyde from Hell, mas não importa. Kalifornia, aquele mesmo que tem Brad Pitt e Juliette Lewis, é outro exemplo e encerro as indicações com Thelma e Louise, filme imbatível. David Lynch consegue dosar as suas tendências a cenas bizarras com uma plausível história de amor para quem tem alguns parafusos a menos. Geralmente os filmes de Lynch são bem complicadinhos de se acompanhar, mas fora os delírios com O Mágico de Oz, este é um trabalho menos complexo e acessível.

Nicolas Cage vive o coitado de um fã de Elvis Presley (no mesmo estilo de Christian Slater em Amor à Queima Roupa, um road movie escrito por… Quentin Tarantino) e que depois de matar um sujeito para defender a honra da namorada, é preso e passa 2 anos trancafiado. Quando finalmente escapa, a sogra faz um verdadeiro inferno e coloca dois assassinos para resolver a situação e trazer a filha de volta. Destaque para as várias cenas de amor, a qual dão a entender que a personagem de Laura Dern é uma ninfomaníaca muito parecida como uma geminiana que eu conheci, repletas de “poesia” no melhor estilo estranho possível. Ah, claro! A faixa que toca enquanto os dois estão conversando na estrada e descobrem um acidente violento é “Wicked Game” do canastrão Chris Isaak. Uma das músicas mais (escrotamente) sexys de todos os tempos.

Recomendo demais!